Entre a Memória e o Horizonte: Uma Reflexão sobre o Tempo e o Ser
Em meio à infindável jornada do ser, encontro-me em um interstício de reflexão, onde as memórias se entrelaçam com as possibilidades futuras, formando o tecido da existência. A busca incessante pelas lembranças, pelos rostos e sorrisos que um dia habitaram os recônditos de minha alma, revela-se uma odisséia marcada pela efemeridade do tempo. O passado, com suas vozes e ecos, parece agora um deserto vasto, onde as pegadas de outrora foram levadas pelo vento implacável do esquecimento.
A transformação da geografia física dos lugares onde os fatos se desenrolaram é emblemática da transitoriedade da vida. As ruas e edificações, outrora cenários de incontáveis narrativas, agora se apresentam alteradas, quase irreconhecíveis, espelhando a constante metamorfose do mundo exterior. Tal qual a paisagem que se renova, o passado, embora vívido em nossas memórias, não pode ser revivido em sua plenitude original. O tempo, em seu curso inexorável, é o grande escultor que molda e transforma, deixando atrás de si apenas o eco das existências que foram.
Diante dessa incontornável realidade, resta-nos acalentar as lembranças, transformando-as em preciosos tesouros que nos acompanham em nossa jornada. São essas memórias que nos definem, que nos conectam ao que fomos e ao que vivemos, servindo de alicerce para a construção de nosso ser no presente.
Contudo, a vida, em sua essência dinâmica, exige de nós um olhar voltado ao horizonte que se descortina à frente. Viajar de automóvel, com os olhos fixos no retrovisor, é uma metáfora poderosa para a condição humana: embora seja crucial recordar de onde viemos, é imperativo manter a atenção voltada para o caminho que se estende adiante. O futuro, repleto de incertezas e possibilidades, convoca-nos a traçar novos caminhos, a estabelecer novas metas e a perseguir nossos sonhos com coragem e determinação.
Assim, entre a memória e o horizonte, desdobra-se o palco da existência humana. Que possamos aprender com o passado, valorizando as experiências vividas, sem, contudo, nos determos nele. Que possamos avançar, com a sabedoria e a resiliência forjadas nas reminiscências do que foi, em direção ao futuro que desejamos construir. A estrada da vida é longa e repleta de surpresas; que possamos, então, viver cada momento com plenitude, conscientes de que é olhando para frente que alcançaremos novos horizontes e realizaremos nosso pleno ser.
Neste percurso entre o que fomos e o que almejamos ser, reside a verdadeira essência da existência, um convite perene à reflexão sobre nosso lugar no tempo e no cosmos. Que possamos aceitar esse convite com a serenidade e a paixão que a jornada da vida merece.