Em memória de um ainda vivo
Sempre achei que minha vida teria um sentido, um motivo especial para qual eu estava me preparando, e as histórias inacreditáveis e insalubres que vivi um dia fariam sentido na obra completa.
Hoje, em meio a cigarros e bebidas, ao som de uma música lenta e nostálgica me vi congelado ao notar que estou envelhecendo enquanto aguardo a linda reviravolta que deliro desde pequeno, a virada de chave em que todos meus sonhos se realizariam e eu finalmente chego à glória regosijando de tudo o que mereço perante uma vida repleta de dores, tristeza e ansiedade da qual corajosamente ouso viver. Mas é em vão que espero, anos se passaram e ainda estou estagnado no mesmo lugar, percebo que o que mantém minha mente sã são os delírios e que sem eles nada mais sou, sinto-me uma casca oca e vazia, sem nada para preencher a amarga solidão que desola e me enche de medo. Temo em pensar até quando serei capaz de viver sem as doces ilusões as quais carinhosamente crio em minha mente para afastar a decepcionante realidade. Não quero acordar amanhã para descobrir que serei sentenciado a passar o resto da minha existência no "mundo real" sem me acalentar com as mentiras as quais eu mesmo contei.
Os sonhos morreram junto comigo -Tão novos, apenas vinte e cinco anos!