MEU SEGUNDO SACRAMENTO - PRIMEIRA EUCARISTIA

Embora tenha sido batizado com sete anos, tão logo completei os nove anos realizei a minha primeira comunhão. Morávamos no arrabalde, sem luz, água encanada e calçamento em qualquer rua. Da escola para casa, o entretenimento eram as brincadeira de criança, chutar bolas de meia, nos limites da rua. A maioria ajudava os pais. Na vila nenhuma casa tinha televisão, somente rádios movidos por pilhas Eveready. Nos sábados à tarde tínhamos a catequese e domingos pela manhã a missa. Nossa igreja, a de São Pedro, na vila de mesmo nome, no bairro Lomba do Pinheiro.

No último dia de catequese, o frei tomou nossa primeira confissão. Ali mesmo sai desencantado com a confissão através da intermediação do frei, então a partir desse dia passou a ser feita diretamente ao nosso Deus!

Ora o que poderia me ter me desiludido tão cedo?

- O desdém do frei com a minha ideia do que era pecado!

O primeiro pecado que citei foram as guerras que eu promovia. Numa caixa de fósforo eu colocava formigas de espécie diferente de determinado formigueiro e desembarcava-as na porta do formigueiro de destino!

Em pouco tempo eram mutiladas e morriam. O segundo pecado foi sobre sentir raiva de mamãe porque ela não deixava eu brincar na rua! Sem mais pecados, dos elencados, o sacerdote sentenciou-me com a reza de algumas Ave-marias e pais-nossos. Finalizou dizendo que as guerrinhas de formigas não eram pecados e sorriu, através da látice do confessionário.

Ainda me confesso diariamente durante a oração noturna, quando converso diretamente com Deus.

Todos os dias o pecado que não falta é não perdoar aqueles que cometem atrocidades com a humanidade, mas perdoo quem me faz qualquer maldade, por isto não tenho inimigos, mas será que este mesmos não me tem como inimigo sem eu saber?

Sobre as guerra de formigas, lembrei-me delas quando vi as imagens dos palestinos sendo mortos pelos judeus, quando lutavam para sobreviver e associei a ONU com a atitude do frei que recebeu a minha confissão, assim acredito muito mais nos deuses do que nas instituições e pessoas!