40 Anos de Lembranças e Histórias
Esta história que lhes conto é verdadeira e que segue até hoje.
Quarenta anos atrás, meus pais tomaram a decisão de voltar a Pelotas.
Aqui sou parte integrante desta história e um dos motivos desta decisão. Eles acharam melhor voltar porque acreditavam no meu progresso em relação a inserção na sociedade e naquela época, Pelotas era uma das cidades que tinham profissionais de psicologia qualificados. Em outras palavras, era considerada top de linha neste aspecto.
Além disso, queriam se reconectar com suas raízes e começar uma vida nova. Não que Cruz Alta não seja um lugar acolhedor, muito pelo contrário. Lembro-me do leiteiro que entregava o leite todas as manhãs em uma carroça e a praça onde meu tio nos levava com minha irmã nos finais de tarde, entre outras reminiscências.
Mas então voltamos a 1984, mais precisamente no dia dois de fevereiro, dia de Iemanjá e da Nossa Senhora dos Navegantes, onde começamos a viagem rumo a Pelotas e eu, minha irmã e meu irmão do meio que tinha um ano e dois meses de idade estávamos no banco de trás do carro e minha mãe na fase final de gravidez do meu irmão caçula que nasceu dias depois.
Imaginem uma mãe levando três crianças e uma quarta a caminho em uma viagem de mais de quatrocentos quilômetros de Cruz Alta a Pelotas e um pai dirigindo todo o tempo com o caminhão de mudança logo atrás? Foi exatamente o que aconteceu.
Moramos numa casa por alguns meses e depois fomos para um apartamento na Cohabduque, localizado no Bairro Fragata, chamado de Bairro Cidade.
Ali nossa história foi construída com alegrias, tristezas, vitórias e derrotas.
E nem tínhamos noção na época do quanto andaríamos nessa caminhada toda. Eu mesmo nem imaginaria que pudesse chegar tão longe em todo esse tempo.
São tantas lembranças que fica difícil descrever quais delas nos marcaram, porque foram muitas.
Toda vez que ando pelas ruas de Pelotas, me lembro das brincadeiras de infância lá na Cohabduque, das amizades que fiz no caminho, das dificuldades que enfrentei na vida escolar e principalmente do amor e carinho dos meus pais e da união fraterna e forte com meus três irmãos, quero dizer, de meus dois irmãos e da irmã mais velha.
E nesses 40 anos que estamos aqui (teoricamente 38, porque ficamos em Jaguarão por um ano e três meses, mas na prática nunca perdemos contato com Pelotas), posso dizer que adaptei-me muito bem a Princesa do Sul que foi testemunha da minha luta contra as desconfianças e descrenças dos outros da minha capacidade e atualmente vivo de uma forma normal.
E até hoje sigo vivenciando estas experiências numa Pelotas que se tornou minha de coração.
E acredito que isso continuará depois de cumprir minhas missões e partir para a caminhada derradeira e merecida.
Assim acabo o relato da minha família e de sua trajetória nesses 40 anos que estamos aqui em Pelotas.
Uma história que registro com muita alegria.