Da vida muito se canta, se divaga(...)
A vida é unidade de medida só para subtrair o vigor a cada aniversário? Ou será que vive-se justo quando há canseira nos ossos e às vistas o êxtase adolescente?
Para mim, a vida há quinze anos atrás era esperar pelo papai-do-céu. Esperar que Ele provesse, que perdoasse-me as pirraças, que cuidasse do papai, que curasse a vovó da perna magoada. Esperava que gostasse também da cama como arranjara eu, talvez até que fizesse com que mamãe encontrasse uns trocados para os docinhos da venda. Era pura e sem complicações, a vida aos cinco anos era menos amálgama que aos vinte.
A estupidez adulta fez me, por vezes, creditar ao acúmulo de experiências a maturidade, tal qual fosse essa massa cinzenta de credos sem síntese a razão de viver; a substância da tese. Não é assim. A vida é esperar pelo papai-do-céu bem como há quinze anos atrás. Urge ainda pedir que Jesus cuide de minha família, instrua-me a ser solicita; a arranjar os lençóis com doçura; a esconder docinhos à tira-colo de minha mãe e dos meus; a ser veículo de graças pelas orações e esperar. Esperar que do alto O Senhor acolha- me as preces e as obras, e as compense como queira.
Da vida muito se canta, se divaga... a vida é como há quinze anos atrás. A vida há de ser sempre como era -- e é.