Ser ela ser ela for Ela

Ela nasceu depois de nove meses gerados com dor. E teve três quilos e duzentas gramas e com quarenta e nove centímetros lindos. E mamou o ventre materno da mãe por dois anos completos. E tinha a tez morena e lindos cabelos. E com olhos castanhos e pretos claros e que desde o ventre da mãe ela era acostumada a ouvir músicas diversas e que quando crescia gostava muito de mel, chocolate e suco, pois eram seus alimentos prediletos e com uma harmoniosa vontade ela foi orientada a fazer palavras cruzadas e sudokus todos os dias e levou isso até a sua fase adulta e era uma morena linda e muito feliz. E ela começou a escrever poesias e a ler um livro por dia que seu pai comprava na livraria próxima a sua casa. E fez uma grande coleção de palavras cruzadas e com dez anos já tinha já quinhentas palavras cruzadas de todos os tipos feitas e era muito feliz por ser assim inteligente. Desde que o coração dela que o sentido maior que o sucesso dela com o jornaleiro eram avidez pura. E com dez anos ela já tinha quase duzentos livros lidos e queria ser professora de português quando crescida. E estudou bravamente na escola em que cursou e fez até o final do ensino médio suas palavras cruzadas e foi reta e linda e chegou a fazer sudoku no nível perverso sendo o mais difícil desses pesquisadores dessa área. Ela costumava agora frequentar a biblioteca do colégio e ficava lá um terço do dia lendo livros e escrevendo suas poesias em seu caderno de sonetos prediletos. Cada hora que ela estudava queria conhecer o mundo das letras e ser feliz e muito contente e modesta. E entrou a faculdade de letras com dezoito anos e em quatro anos se formou. E conheceu um colega de classe que estudou com ela por todos os anos de curso e eles começaram a namorar e quando se formaram e se casaram no civil e no religioso e ela em seguida e ele também foram contratados ambos para darem aulas num conhecido colégio que pagava bem a seus funcionários. E então ela ficou grávida e deu a luz a um menino e depois veio uma menina. E hoje o menino tem cinco anos e a menina tem dois anos. E quando cresceram o menino se tornou advogado e a menina psicóloga. E os pais professores e letras fizeram juntamente mestrado e doutorado os dois e com trinta anos já eram pós-doutorados ela e ele juntamente defendendo a mesma causa de tese. E os filhos foram crescendo em graça e santidade e o filho quando cresceu fez e tirou a carteira da OAB e a menina tirou o CRM e foram os dois muito felizes na profissão e na vida amorosa. E o filho advogado casou com uma dentista e tiveram dois meninos e estes foram psicólogos e padeiros. E a filha foi e se casou com um médico e tiveram três filhos e foram psicólogo, dentista e psicopedagogo. Cada um seguiu o seu devido rumo à parte. E ela a letrista que esse sentiu o coração sempre bater forte pelos filhos e netos e marido e pai e mãe dela também não queria mais errar e simplesmente acertar em tudo e todas as coisas que fez de certo e errado na vida. Ela se tornou avó com cinquenta anos e o marido com cinquenta e dois. E ela adorava andar de bicicleta e isso foi um problema a ela. Quando ela andava pela calçada de pedestre passou um motociclista acelerado em alta velocidade que andava na contramão e ela não conseguiu desviar e ele colidiu com ela a jogando contra o chão e encima de uma árvore. E no mesmo momento ela desfaleceu e chamaram a ambulância a ela e o motociclista saiu sem prestar socorro. E ela foi medicada e colocada numa maca e foi direto a uma cirurgia. E depois da cirurgia foi prescrito o seguinte: ela ficaria paraplégica para sempre e não poderia mais trabalhar por falta dos movimentos dos membros inferiores. E chegou o marido e os dois filhos e os netos e netas e os genros e noras e todo o mundo que amava ela de verdade. E ela não chorou como se esperava de uma pessoa no estado dela e sim se conformou e deu graças a Deus por estar viva. E todo o mundo chorava e tentava consolar ela e ela era a única que não dava um soluço ou choro e somente assoviava para exasperar a tristeza que acabrunhava a sua alma. E ela pediu somente uma palavra cruzada para fazer até lhe darem alta e der tudo certo e mais nada. E descobriram o dono da moto e a placa e o rapaz foi ser processado pelo marido dela mais os filhos e então enfim foi ser feliz ser feita a justiça por aquele homem ter tirado os movimentos daquela mulher tão boa e justa e honesta. E ela foi colocada numa cadeira de rodas e começou a se acostumar com a nova vida a da cadeira e deram a ela uma cadeira motorizada para que ela gastasse o mínimo de forças. Nas alegrias que ela teve antes do acidente lembrava quando andava livre em sua bicicleta e quando corria a São Silvestre mesmo não chegando a primeiro mais corria mesmo assim. Assintomático que o coração dela ficou mais fortalecido que antes e ela se chegava que o cerne e o feliz amor que ela agora tinha pela vida se chamavam de Jesus. Desde que o horizonte que o sucesso dela agora seria escrever para deficientes que seriam iguais a ela ou como ela esteve antes e depois do trauma. De cada hora navegando que ido e indo que o sucessivo que o coração dela foi forte e ela conseguiu graças a Deus viver até os cento e doze anos. E o marido bom como ele foi viveu até os cento e dez, e já os beneplácitos filhos sendo o filho viveu até os cem e a filha viveu até os cento e cinco e depois os netos e netas e bisnetos e bisnetas viveram dentre noventa e até cento e doze anos de vida. E ela a letrista teve como companhia a Teka uma cachorrinha de estimação e que viveu os últimos vinte e dois anos de vida dela ao lado da boa dona e cadeirante. E ela como ser deficiente para o trabalho era eficiente e fez mais uma faculdade depois do acidente e fez educação física para tratar deficientes físicos que não se adaptam a sociedade. E o marido a incentivou a escrever poesias que cativavam a população brasileira e que o sucesso dela era infinito e variado. E ela fez cinquenta livros e fez cinco mil palavras cruzadas e mais de sete mil sudokus e se realizou tocando mais de mil músicas em seu violão de cordas de náilon que incentivou todas as pessoas sendo crianças ou adultas a amar os deficientes. E cada ser que se move de paixão que tem compaixão que o sentido que a vida se faz e vai que o coração de que ela se inscreveu em seu caixão a seguinte frase quando morreu e que todos acreditavam ser verdade: viver não é apenas viver mais crer que o meu sim é não dizer que o não também é viver que o heroísmo de uma obra que falta não acabará por destacar que o ótimo de uma obra não termina no silêncio da morte. Vivamos a vida.

Gumer Navarro
Enviado por Gumer Navarro em 02/03/2024
Código do texto: T8011411
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