Cartas frias e quentes
Na arrumação de uma gaveta, encontrou um envelope com as inscrições “Eu para mim” na frente e “Para ler em fevereiro” no verso. “Eu me lembro disso. Eu acho…”, pensou. Como era fevereiro, já era hora de colher a carta.
Abriu-a e leu:
“Você deve estar praguejando o calor. Mas saiba que eu daria tudo por um dia quente. É horrível acordar cedo para trabalhar neste frio e tomar um vento gelado na cara. Então, não reclame do calor e busque se hidratar”.
Suspirou para se acalmar e não brigar consigo mesmo de outro tempo. Pegou água e gelo na geladeira. Enquanto se saciava, escreveu:
“O que importa é o que estou sentindo agora. Esse ar quente e abafado é insuportável! Sofra com seu frio e me deixe derretendo neste calor infernal. Passar bem”.
Fechou o envelope e escreveu “Para ler em julho”.