AMORES CLANDESTINOS
Um dedo de prosa
AMORES CLANDESTINOS (Orquestra Billy Vaughn)
Era prefixo de um parque de diversões que chegou em São Martinho. Eu, criança, fiquei encantada com o parque.
Quando ouvia essa canção, sentia um choque de emoção, um frio na barriga. Era hora da grande diversão!
Era o momento de pôr o vestidinho cheirando a limpo, os sapatinhos brancos e dar asas à imaginação.
Em meus olhos voavam as barquinhas impulsionadas pela força dos braços dos rapazes que apostavam quem iria mais alto.
Voavam aviõezinhos que giravam a um metro do chão e bolas de meias, que derrubavam as latas vazias de óleo, amassadas de tantos tombos.
Voavam as argolas que laçavam maços de cigarros e pescoços de garrafas.
Voavam nos meus olhos aqueles sonhos de menina do interior, enquanto a música anunciava amores clandestinos.
Assim voou a minha infância ao som dos alto-falantes e dos momentos grandiosos da imaginação.
E eu voltava com meus sapatinhos brancos... empoeirados de felicidade.
Dalva Molina Mansano
02.03 24