AMORES CLANDESTINOS

Um dedo de prosa

AMORES CLANDESTINOS (Orquestra Billy Vaughn)

Era prefixo de um parque de diversões que chegou em São Martinho. Eu, criança, fiquei encantada com o parque.

Quando ouvia essa canção, sentia um choque de emoção, um frio na barriga. Era hora da grande diversão!

Era o momento de pôr o vestidinho cheirando a limpo, os sapatinhos brancos e dar asas à imaginação.

Em meus olhos voavam as barquinhas impulsionadas pela força dos braços dos rapazes que apostavam quem iria mais alto.

Voavam aviõezinhos que giravam a um metro do chão e bolas de meias, que derrubavam as latas vazias de óleo, amassadas de tantos tombos.

Voavam as argolas que laçavam maços de cigarros e pescoços de garrafas.

Voavam nos meus olhos aqueles sonhos de menina do interior, enquanto a música anunciava amores clandestinos.

Assim voou a minha infância ao som dos alto-falantes e dos momentos grandiosos da imaginação.

E eu voltava com meus sapatinhos brancos... empoeirados de felicidade.

Dalva Molina Mansano

02.03 24

Dalva Molina Mansano
Enviado por Dalva Molina Mansano em 02/03/2024
Código do texto: T8010977
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2024. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.