Sem grilo com o passado
RESPEITO a. Opinião dos que acham que não se deve exagerar nas reminiscências. É vero porque parece um samba de uma nota só, chateação de véio caduco. Também pudera, os tempos são outros e as pessoas estão focadas na moda, insistir na cantilena do passado é insensatez.
Mas mesmo sabendo que estou isolado continuo refém do passado, embora seja ácido crítico dos preconceitos e tabus daquela época. A falta de caráter e a prepotência não é coisa de hoje, vem lá de trás, do passado.
Hoje, no meu tempo de range-rede (como Riobaldo designava o envelhecimento) estou aposentado dos prazeres que mais gostava, inclusive as farinhas, serestas, noitadas. Gostava mesmo de tomar umas lapadinhas. Sei que alguns que faziam o mesmo, até nas casas das Jacutingas, hoje repudiam as bebidas e as noitadas. Estão tirando onda de santarrões em compotas, negando sua história e emoções. Uma besteira abissal. Assumo tudo o que fiz e até o que não fiz. Detalhe: confesso até as fraquezas. A vida é perigosa como dizia Riobaldo, no livro de Guimarães Rosa, mas é linda. Não tenho nenhum grupo com o passado. Adoro recordá-lo. Vida que segue. Como é bom recordar. William Porto. Inté.