O primeiro degrau a gente nunca esquece

Isabel, 70 anos, contou sem constrangimento da primeira vez que usou sutiã auxiliada por uma tia. E lembrou da propaganda na TV: O primeiro a gente nunca esquece. Disse que deveria ter 13 para 14 anos e por ser ‘gordinha’ estava na hora - ponto

Lembrei do primo Itacir, então com 27 anos, contando que seus avós mudaram para um prédio de quatro pisos (sem elevador) e se instalaram no terceiro. E ficou combinado para o domingo seguinte almoço família no novo lar. E por ser domingo e estando com sede, passou antes no Bar dos Amigos para beber uns goles de Jurubeba.

E ao se deparar com a altura da escada em caracol, balançou o corpo, fez cara feia, estufou o peito e encarou o primeiro degrau. E a cara feia levou o corpo ao chão e o nariz sangrou. Se no primeiro quase quebrou o nariz, o que quebraria antes do 10°? Desistiu do almoço e voltou ao bar para lavar o rosto e contar a real aos amigos. Se não contar certinho, não irão acreditar. Mas não no 1° degrau. Foi no 7°.

- Se não estou com uns fios de costela quebrados é porque vi o perigo que me aguardava lá pelo 14°, 15°. Foi a melhor decisão que tomei na minha vida (e olhou para o céu em agradecimento). - Reconheço que exagerei nos goles, mas estou lúcido, racional. E tudo bem. Faz parte. E aviso: escada em caracol são traiçoeiras.

Os amigos aplaudiram lhe parabenizando pela sábia decisão e comemoraram com ‘uns’ goles. Hoje, sóbrio há 8 anos, confessa fazendo a mesma cara feia que não tem intenção de escalar escadas em caracol. Só não conta porquê. E se contasse diria que o primeiro porre a gente nunca esquece.