Entre Sem Bater - Andragogia
Malcolm Knowles disse:
"... um princípio fundamental na teoria de sistemas é que todas as partes que têm interesse num sistema devem estar representadas na sua gestão ..."(1)
Malcolm Knowles, os que o antecederam e os que dão sequência à andragogia com métodos e abordagens disruptivas, são essenciais para a sociedade. Por outro lado, a sociedade ignora estes pensadores e epistemólogos que pensam fora da caixinha e ousam ofender a mesmice. Esses humanistas deveriam ter suas obras e seus pensamentos sob debate desde a educação básica.
ANDRAGOGIA
Inquestionavelmente, citar Paulo Freire em qualquer rede social ou em qualquer texto, é motivo para uma polarização completamente non sense(*). Os métodos do educador brasileiro, certamente, tratavam da ideia de que a andragogia deve ser diferente da pedagogia. Embora o prefixo da palavra sugira algo com relacionamento exclusivo para o gênero masculino, a correta visão do termo é o mais importante.
Podemos, com toda a certeza, dizer que a definição do Wikipedia para Andragogy tem aceitação universal pelos pensantes.
Andragogia refere-se a métodos e princípios utilizados na educação de adultos. A palavra vem do grego ἀνδρ- ( andr- ),
que significa "homem adulto", e ἀγωγός ( agogos ), que significa "líder de". Portanto, andragogia significa literalmente
“liderar homens (homens adultos)”, enquanto “pedagogia” significa literalmente “liderar crianças”.
Fonte: Wikipedia (Inglês)
Desse modo, podemos afirmar que a maioria das pessoas, inclusive professores, confunde pedagogia, didática, andragogia e termos afins. Por isso, quando inserimos novas tecnologias, como as redes sociais, na sociedade, o aprendizado deve ser para adultos e não para crianças.
É provável que esta confusão seja uma das causas dos problemas e conflitos que vivemos nesta maluquice que a sociedade brasileira se transformou. Os opressores(2) querem que a educação brasileira seja um projeto que limite a capacidade das pessoas.
SOCIEDADE E EDUCAÇÃO
Podemos dizer, sem medo de errar, mas certamente com a possibilidade de angariarmos inimigos reais, que muitos perfis possuem pouca compreensão do tema. Nossa sociedade e os educadores não cuidaram, como deveriam, da educação de adultos. Os modelos de educação de jovens e adultos (EJA) estão em ação e a cada mudança de governantes, uma "Feia Verdade"(3) entra em ação.
Vivemos um processo de socialização digital em que a pedagogia tem os melhores métodos para as crianças e adolescentes. Por isso, aparentemente, estas gerações mais novas assimilam rapidamente a ideia por trás da sociedade digital. Por outro lado, os mesmos processos não dão certo para a maioria das pessoas, como tecnologias idênticas. Como se não bastasse, são os adultos que tem a obrigação de passar a usar tecnologias que fogem do seu universo de compreensão.
Por exemplo, uma pessoa de mais de 70 anos, que acostumou-se a receber sua aposentadoria na conta corrente e retirar tudo com o cartão. Atualmente, a obrigam a entender de cartão virtual no smartphone, de PIX, certificação digital e daqui alguns dias, de DREX. E qual foi o processo de andragogia que as autoridades, déspotas e aproveitadores utilizaram?
Os rigores da lei !
TSUNAMI DA DESINFORMAÇÃO
Assim sendo, e acreditando que a maioria dos leitores captou a mensagem sobre as diferenças entre andragogia e pedagogia, avancemos. O ponto a que chegamos é repleto de exemplos paradoxais. Muitos imaginarão que as duas vertentes da educação (para homens e crianças) são paradoxais. Contudo, entendemos que a inefável realidade é aquela que cada um de nós experimenta, e não aquilo que as redes sociais transmitem. Navegamos, com toda a certeza, num tsunami de desinformação que desorienta as bússolas mentais.
Em um mar de informações, as redes sociais se tornaram um oceano turbulento, onde a desinformação navega livremente. Desse modo, a educação digital ameaça indivíduos de todas as idades, dos seis aos 90 anos de idade. Para navegar nesse tsunami e garantir a construção de conhecimentos sólidos, a união da pedagogia e a andragogia emergem como soluções. Como se não bastasse, a educação digital ganhou um processo que joga a responsabilidade em cada pessoa, a heutagogia.
PEDAGOGIA
A pedagogia, apresenta-se com ferramentas para o desenvolvimento de habilidades críticas e analíticas, essenciais para discernir o que é confiável no mundo digital. Através de métodos lúdicos e interativos, a pedagogia permite que os nativos digitais aprendam a navegar com segurança. Desse modo, essas ferramentas reconhecem os perigos da desinformação, buscando a segurança de uma informação e as fontes confiáveis. Contudo, as plataformas digitais sabem que muitos filtros, afastam gente boa e gente ruim, indistintamente, o que diminui o "faturamento".
A pedagogia na construção de cidadãos digitais:
Ensino de habilidades críticas: Desde cedo, é fundamental ensinar crianças e jovens a questionar informações, verificar
fontes e buscar diferentes perspectivas. A pedagogia oferece ferramentas para o desenvolvimento do pensamento crítico,
essencial para discernir fatos de opiniões e notícias verdadeiras de fake news.
Educação para a mídia: A compreensão do funcionamento das mídias e seus mecanismos de influência é crucial para a
formação de cidadãos críticos. A pedagogia pode incorporar a educação para a mídia no currículo escolar, promovendo a
análise crítica de conteúdos e a produção de conteúdo responsável.
Cultura da informação: A pedagogia pode fomentar a cultura da informação nas escolas, incentivando a pesquisa e a
investigação. A construção de bibliotecas digitais e a curadoria de conteúdos de qualidade são ferramentas importantes
nesse processo.
ANDRAGOGIA
Já a andragogia, assume um papel crucial na educação digital da população mais madura e experiente. Através de métodos participativos e horizontalizados, a andragogia dá poder aos adultos para serem protagonistas de sua própria aprendizagem. Buscar conhecimento de forma autônoma e crítica e ser partícipe é o que a maioria quer, e não ser somente caixa de ressonância.
A andragogia educando adultos na era digital:
Aprendizagem ao longo da vida: A andragogia reconhece que a educação é um processo contínuo. Por isso, deve-se
oferecer neste modelo, ferramentas para que adultos aprendam autonomamente ao longo da vida digital. Isso é essencial
em um mundo em constante mudança, onde as habilidades digitais precisam de atualização constante.
Formação de profissionais digitais: O processo deve ter uso na formação de profissionais para áreas que exigem domínio de
ferramentas digitais. Cursos e capacitação pelos meios digitais existem para atender às necessidades de diferentes
públicos de trabalhadores e das organizações.
Educação para a cidadania digital: A educação com este modelo deve promover ações para a cidadania digital entre
adultos, com objetividade. Assim sendo, estarão conscientes dos riscos e desafios do mundo digital, como cyberbullying,
crimes virtuais, golpes e fraudes.
HEUTAGOGIA
A heutagogia é o método no qual o aluno é o principal responsável pela busca do conhecimento e por sua evolução. Desta forma, ele é o agente principal de toda a sua aprendizagem. A definição de aprendizagem autodeterminada diferencia-se do autodidata natural em vários fatores, mas convergem em outros. A evolução da tecnologia, com o uso massivo de EaD (Ensino à Distância) reforçou a heutagogia de maneira assustadora. Como se não bastasse, muitos enganadores, do tipo coaches e vendedores de cursos online, responsabilizam os educandos pelos fracassos.
CONVERGINDO PROCESSOS
Enfim, a convergência da pedagogia e da andragogia cria um ambiente de aprendizado inclusivo e eficaz. Assim sendo, diferentes faixas etárias podem desenvolver as habilidades necessárias para navegar no mundo digital. A separação da andragogia e pedagogia permite o desenvolvimento específico, dependendo das faixas etárias. Por outro lado, as modernas tecnologias, plataformas digitais, inteligência artificial e outras, colocam tudo a perder com a heutagogia comercial.
A pedagogia e a andragogia, juntas, indicam um futuro onde a educação digital seja um direito de todos, da infância até a idade adulta. Através da convergência de suas metodologias, podemos criar ambientes de aprendizagem dinâmicos e inclusivos. Com toda a certeza, todos indivíduos desenvolverão as habilidades necessárias para navegar responsavelmente no mar de informações da era digital.
Em suma, combinar o ensino de habilidades críticas e analíticas com a promoção da aprendizagem autônoma e cidadania digital é possível. Podemos superar, sem dúvida, o tsunami da desinformação e garantir que as pessoas frequentem as redes sociais de forma consciente e crítica. Certamente, construir conhecimento sólido e fazer seu compartilhamento(4) é a saída para uma sociedade mais consciente.
Amanhã tem mais ..."
P. S.
(*) Declarando-me quase como um leigo no estudo e compreensão de métodos de ensino, admiro educadores como Paulo Freire. Junto a outros, como o sociólogo Darcy Ribeiro, perceberam que o problema do Brasil está na educação.
(1) "entre sem bater - Malcolm Knowles - Andragogia" em https://evandrooliveira.pro.br/wp/2024/02/29/entre-sem-bater-malcolm-knowles-andragogia/
(2) "Entre sem bater - Paulo Freire - Os Opressores" em https://evandrooliveira.pro.br/wp/2023/04/21/entre-sem-bater-paulo-freire-os-opressores/
(3) "Entre sem bater - Darcy Ribeiro - Feia Verdade" em https://evandrooliveira.pro.br/wp/2023/04/07/entre-sem-bater-darcy-ribeiro-feia-verdade/
(4) "Entre sem bater - Leonard Nimoy - O Compartilhamento" em https://evandrooliveira.pro.br/wp/2024/02/28/entre-sem-bater-leonard-nimoy-o-compartilhamento/