A casa de sótão

A casa de sótão ficava fim da rua, uma morada que guardava memórias dos anos dourados. Aquela construção antiga, com telhado inclinado e janelas de madeira, parecia ter sido esquecida pelo tempo. Mas para mim, era um refúgio especial, um lugar que guardava histórias e segredos.

Quando adolescente, costumava passar tardes inteiras explorando cada canto daquela casa. Subia as escadas estreitas e empoeiradas, com o coração cheio de curiosidade. Ao chegar ao sótão, um mundo novo se revelava diante dos meus olhos.

O cheiro de madeira antiga e mofo me envolvia, enquanto os raios de sol atravessavam as frestas das janelas, criando um jogo de luz e sombras no chão de tábuas desgastadas. Era como entrar em um universo paralelo, onde o tempo se desfazia e a imaginação reinava.

La estava o meu atelier improvisado com tabua de Eucatex e tinta com meu pinceis e carvão, fazendo trabalhos para os amigos da escola.

Naquele sótão, encontrei caixas empoeiradas repletas de fotografias antigas em preto e branco. Rostos sorridentes de pessoas que já não estão mais entre nós, mas que deixaram suas marcas naquele lugar. Histórias de amor, de risadas e de momentos felizes que ecoavam pelas paredes.

Em uma das caixas, descobri guardava o meu álbum de fotografias, com páginas amareladas pelo tempo. Era o registro de alguém que viveu ali, minha querida mãe compartilhava suas alegrias e tristezas nas palavras escritas a tinta. À medida que eu lia, sentia-me transportado para um passado distante, como se pudesse vivenciar cada emoção descrita.

A casa de sótão no fim da rua também abrigava um velho pano, cujo tecido desgastado desgastadas tremulava ao vento como cortina segura por pregos. Sentava-me em frente ao janela e vagueava meus pensamentos com o tremular pelo vento. Naqueles momentos, sentia-me conectado com a alma daquela casa, como se as paredes tivessem gravado as vozes que ali confabularam entre si, as coisas do dia a dia.

Mas o tempo passou, e a casa de sótão no fim da rua foi abandonada. A modernidade chegou, e os anos dourados ficaram apenas na memória. As crianças já não brincavam naquelas ruas, e o sótão foi esquecido, assim como as histórias que ele guardava.

Hoje, ao passar pela rua onde a casa de sótão se encontra, vejo apenas uma construção decadente, coberta de hera e com janelas quebradas. Mas em meu coração, ela ainda permanece viva, com suas lembranças e encantos.

A casa de sótão no fim da rua, minha antiga morada dos anos dourados, é um tesouro que guardo com carinho. Ela me ensinou a valorizar as memórias, a apreciar a beleza do passado e a compreender que, mesmo que as coisas mudem, as lembranças sempre estarão lá, prontas para nos transportar de volta a tempos felizes.

pedroluizalmeida
Enviado por pedroluizalmeida em 27/02/2024
Reeditado em 01/03/2024
Código do texto: T8008681
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