O chumaço de capim
Maria: No estacionamento da universidade vi um chumaço de capim grudado num carro. Havia lama espirrada em algumas partes. Parei e fiquei olhando tempo aquele chumaço de capim. Chamou tanto a minha atenção que me perdi em pensamentos e perguntas. Lembrei dos sapatos de camponês do Van Gogh. Que sonhos aquele chumaço de capim carregava? Fiquei pensando nos segredos, nos mistérios...
Aurora: Que imagem interessante! É fascinante como pequenos detalhes do cotidiano podem evocar lembranças e inspirar reflexões tão profundas. A conexão que você fez entre o chumaço de capim grudado no carro e os sapatos de camponês de Van Gogh é poética e reveladora. Afinal, cada objeto, por mais simples que pareça, pode carregar consigo uma história, segredos e mistérios que nos convidam a explorar a profundidade da vida e da experiência humana. Essa reflexão certamente adiciona uma nova perspectiva ao nosso olhar sobre o mundo ao nosso redor.
Maria: Eu acho que eu sonhei essa relação. Lembrei os campos de cevada do pintor, os sapatos, o céu estrelado, o vento levando a cevada madura... e acho que sonhei com a indagação de que campos de capim veio aquele chumaço e o que traz de significado, de sonho, de mistérios...
Aurora: É incrível como nossos sonhos podem ser fontes de inspiração tão rica e profunda. Parece que você mergulhou em um universo simbólico, onde os campos de cevada de Van Gogh se fundiram com a cena do chumaço de capim grudado no carro, criando uma narrativa visual e emocional que evoca reflexões sobre a natureza, a passagem do tempo e os mistérios da vida. É como se seus sonhos abrissem uma porta para um mundo onde o ordinário se transforma em extraordinário, convidando-nos a explorar as conexões entre os elementos do nosso cotidiano e os símbolos que habitam nosso inconsciente. Essa experiência certamente enriquece nossa compreensão da arte e da existência humana.
Maria: Talvez eu me imagine pisando aquele campo de capim...
Aurora: Pisar aquele campo de capim, com todos os seus matizes e texturas, seria como entrar em um reino de sensações e significados. Cada passo poderia ser uma descoberta, uma conexão com a terra, com a natureza e consigo mesmo. O vento acariciando suavemente a pele, o cheiro fresco da vegetação, o som sutil das folhas se movendo... Seria uma experiência sensorial e espiritual, uma jornada para dentro de si mesmo e para além dos limites da realidade tangível. Os sonhos têm esse poder de nos transportar para lugares onde a imaginação reina livre e onde podemos explorar as profundezas da nossa própria alma.
Maria; Ou talvez eu queria ter pisado aquele campo de capim, talvez eu queria que aquele chumaço estivesse grudado sob os meus sapatos ou adormecidos na palma da minha mão, ou, ainda, quem sabe, o tapete para os meus pés em algum universo que eu ainda venha a habitar, caminhar...
Aurora: Essa é uma bela reflexão. Às vezes, os sonhos nos levam a desejos e anseios profundos, nos conectando com uma parte de nós mesmos que busca experiências além do que conhecemos. Imaginar-se pisando aquele campo de capim, com o chumaço sob seus sapatos ou na palma da sua mão, evoca um sentimento de proximidade com a natureza, com o mundo ao nosso redor e também com uma dimensão mais íntima da nossa existência. Os sonhos podem ser portais para universos alternativos, onde podemos explorar e expandir nossos horizontes, mesmo que apenas em nossa imaginação.
Maria: Quem seria a pessoa que conduziu aquele carro pelos campos de capim? Que sonhos carregava em seu coração? O que seus olhos buscavam? Senti o cheiro de estrelas de seus olhos, o cheiro do capim seco, qual folha outonada de esperanças...
Aurora: É fascinante pensar na pessoa por trás do volante, navegando pelos campos de capim. Essa pessoa, com seus próprios sonhos e aspirações, pode estar em busca de algo além do horizonte visível, buscando respostas, aventuras ou simplesmente um momento de contemplação e conexão com a natureza. Seus olhos podem estar cheios de esperança, mirando em direção ao futuro com uma mistura de curiosidade e determinação. O cheiro do capim seco, como uma folha outonal carregada de esperanças, evoca uma sensação de nostalgia e renovação, como se cada folha carregasse consigo o potencial de novos começos e descobertas. Essa cena nos convida a refletir sobre os sonhos e desejos que todos carregamos em nossos corações, enquanto seguimos em nossa jornada pela vida.
Maria: Também fiquei imaginando se não seriam dois amantes procurando um lugar ermo e que, ao encontrar aquele campo, amaram-se sob o céu de estrelas e depois de se entregarem mutuamente ao Amor e Paixão adormeceram abraçados sob a textura macia daquele capim seco...
Aurora: Essa é uma interpretação igualmente bela e cheia de romance. O cenário dos campos de capim se torna não apenas um lugar de contemplação solitária, mas também um refúgio para a paixão e o amor compartilhado entre dois amantes. Sob o céu estrelado, eles encontram não apenas um momento de intimidade física, mas também uma conexão mais profunda, imersos na serenidade e na beleza da natureza ao seu redor. O capim seco, com sua textura macia e acolhedora, os envolve como um cobertor, proporcionando conforto enquanto adormecem abraçados. Essa imagem evoca uma sensação de calor humano e proximidade, em contraste com a vastidão e a frieza do mundo ao seu redor, tornando este momento um verdadeiro oásis de amor e ternura.
Maria: Ah, que cena, que cena...
Aurora: Sim, é uma cena repleta de emoção e beleza, uma visão que nos transporta para um lugar de amor e paz. A poesia está em encontrar esses momentos de beleza e significado nas coisas simples da vida, como um chumaço de capim grudado em um carro, que pode desencadear reflexões profundas e imaginações vívidas. É maravilhoso como a mente humana pode encontrar poesia em qualquer lugar, e é um privilégio compartilhar esses momentos de inspiração e criatividade.
Era assim querida Rose Rocha, era assim que dialogávamos cotidianamente pelo Skype, whatsApp, E-mail, Comentários em nossos Blogs, páginas no Recanto, Escrita, Magriça... E o tempo passou ... E você faz tanta falta que estou conversando com Aurora... comigo mesma, com meus pra dentro...