Escritor em Compotas
COnFESSO que sou mesmo um sujeito arengueiro e radical. Não me seguro quando me defronto com os que se julgam celebridades, celebridades em compotas, metidos a notáveis. Dentre eles estão aqueles que chegam ao cúmulo de mudar de linguagem. Juro.
Acho que Buffon acertou quando disse que o estilo é o homem. Uma verdade, não podemos abandonar nossa linguagem, tanto falando como escrevendo. Sim, ninguém deve escrever de maneira diferente de como fala. Sabem por quê? Simplesmente porque o texto parece ter sido escrito por outra pessoa. Também não deve imitar ninguém e nem tampouco tentar enfeitar o texto com palavras difíceis. Sempre é bom recordar Graciliano Ramos e sua aversão à linguagem pomposa e às palavras difíceis e chatas. Depois que saiu da prisão no Estadi Novo, os amigos lhe arrumaram um emprego de revisor no Correio da Manhã. Todo dia, com um lápis vermelhona não é um cigarrinho Selva no bico, ele revisava os textos do jornal. Um dia encontrou num escrito de um medalhão da ABL a palavra outrossim, ele detestava essa palavra, então não teve dúvidas, riscou a palavra de vermelho e escreveu na margem do texto: “Outrossim é a puta que o pariu”. O medalhão não reclamou.
Ninguém, principalmente os meros escrevinhadores acanhados e limitados, meu caso, deve renunciar a sua linguagem e nem imitar ninguém. Deve escrever como fala. Machado de Assis, o maior dos nossos escritores, era defensor da linguagem coloquial, ele falou como os vocábulos devem chegar ao papel”… Eles nascem como as plantas da terra. Não são flores artificiais de academias, pétalas de papelão recortadas em gabinetes nas quais o povo não pega. Ao contrário, as geradas naturalmente é que acabam entrando nas academias”.
Bom vou bicando por aqui, sempre com repulsa aos intelectuais em compotas. William Poro. Inté.