O pavão que em ti habita.
Tempos atrás estive em um zoológico.
É o tipo de programa que me angustia por motivos que não cabem no texto, mas esse meu incômodo faz com que eu passe a maior parte do "programa" andando, olhando sem enxergar, com a cabeça dispersa.
E assim foi, até que me deparei com um pavão, que ao expor toda a sua cauda, me fez pensar sobre o motivo de haver algo tão belo sem qualquer justificativa maior aparente.
Pois bem.
Do que li, a pigmentação das penas do pavão é minima - no máximo se misturam 3 cores - e o efeito visual que a sua cauda provoca, na verdade, decorre da grande capacidade de armazenamento de água entre os filamentos da pena.
Ou seja, o pavão é um prisma em forma de bicho.
Tal e qual o arco-íris, o mistério da sua beleza é luz e a água - e, sobretudo, os olhos de quem enxerga.
Nesse momento, lembrei de Deus e da simplicidade (perfeita e inexplicável) de suas obras, pois somente o maior dos artistas consegue criar um numero tão grande de nuances com tão poucos elementos.
E é assim que Ele nos ensina a amar todos os dias.
Pois, para além de tudo aquilo que o amor resplandece em nós, o que existe é apenas nossa vida recebendo a luz do amor no olhar de quem nos ama.
No fundo, somos só matéria em busca de luz e água.
Luz, água, e um olhar.