De Saxofones e... de Guerras
[A plumo, a guerra é de apenas um quando este um detém o poderio bélico e visa tão somente a aniquilação do seu oponente - Marise Castro]
Meus olhos se fecham quando, na canção, entra o agudo e brilhante som do saxofone. Ele é forte e lindo, tão nostálgico e pungente quanto uma adaga perfurando meu peito. Traz-me uma saudade de não sei quê, lembranças de não sei onde, e que me tocam profundamente.
Música faz parte da minha vida como o ar que respiro (digo sem qualquer exagero). Seja no carro, no metrô, na caminhada, ou quando ao teclado do notebook, ela está presente o tempo inteiro, sempre servindo de fundo para o que quer que eu esteja fazendo (quando não estou trabalhando, naturalmente). Até para dormir tenho um canal de músicas relaxantes na lista da minha predileção.
A canção ("Two Suns in the Sunset" - 1983) é da Banda Pink Floyd – minha preferida para sempre! A letra traz reflexões sobre os temores de uma iminente guerra nuclear e o clipe que a acompanha é uma animação primorosa. A voz de um jovem Roger Waters ecoa com o sentimento experimentado destes temores e por ter perdido o pai para a segunda guerra mundial, quando era apenas um bebê de cinco meses, não o tendo conhecido de fato. Isso marcou o cantor para toda vida e faz parte de dezenas das suas composições.
E a entrada do sax ao final da música faz meu coração dar um salto da melancolia para a tristeza profunda. As notas são de incrível intensidade e beleza e me vão fundo na alma. Sofro com Waters e com todos os que tiveram seus entes queridos perdidos num combate insano, onde a bravura de estar na linha de frente contrasta em milhões de vezes com a dos comandantes, sentados às suas mesas, ditando as regras das suas guerras. É fácil ser um “herói” instalado numa cadeira de oficial de qualquer das forças armadas, desde que longe, bem longe dos campos de batalha, é claro.
Roger é um crítico ferrenho das desigualdades sociais e das guerras. Aos 80 anos (como o tempo passa rápido...) segue nos palcos e a última turnê talvez prenuncie a sua “aposentadoria”. Enquanto isso, continua o seu canto politizado, questionador e desafiador, ainda arrastando multidões de fãs para os seus shows ao redor do mundo.
Vida longa, Waters! Bravo!
*
“Estamos nos aproximando da hora do juízo final. É o mais próximo que a raça humana já esteve de uma catástrofe nuclear”, diz o texto inicial da última versão de "Two Suns in the Sunset" gravada
pelo fundador e ex-baixista do Pink Floyd,
durante o lockdown, em 2020.
**
“Estamos nos aproximando da hora do juízo final. É o mais próximo que a raça humana já esteve de uma catástrofe nuclear”, diz o texto inicial da última versão de "Two Suns in the Sunset" gravada
pelo fundador e ex-baixista do Pink Floyd,
durante o lockdown, em 2020.
**
IImagens geradas por Marise Castro
Pink Floyd - Two Suns in the Sunset (1983) legendado.
https://youtu.be/oyzfHmPJqM4?si=9h9SJDTC_R5CQK0P