Capotadas da vida

A vida não precisa ser

arrumadinha o tempo todo, a gente tem direito de capotar!

Kkk Quero começar assim o meu texto, rindo muito, rindo das capotadas dadas na vida. Quantas "tropicadas", antes do primeiro tombo! Foram tantas que até aprendi o meu jeito de levantar; e cada vez que levanto, os meus passos ficam mais firmes e escolho os melhores caminhos. Ah, às vezes até pego um desvio errado, daí olho com um cuidado mais demorado e volto. Sem problemas! Estou numa idade que não preciso ter vergonha das capotadas!

Assim foi uma vida inteira. E com certeza devemos deixar os filhos seguirem a sua caminhada. Nem o Wase ou uma bússola nos ajudam a decidir a melhor direção. Nem os conselhos e a experiência dos mais velhos nos levam para os caminhos certeiros. Muitas vezes fazemos questão de contrariar para imprimir a nossa identidade.

Quando eu vejo algo arrumadinho, gosto de pensar como se chegou à essa perfeição. Na verdade, não existe a perfeição humana. A de Deus sim! A dos homens, será vista e julgada de diferentes olhares. Pode parecer correta para uns, mas há discordância de outros. O difícil é aceitar que eles podem estar corretos e você não; mas faz parte ouvir críticas e ter que calar-se para "ruminar" depois.

A gente deveria escrever no " diário da vida" as experiências boas ou ruins que tivemos para poder rir delas nas rodas de amigos e de familiares. Nem que seja contada pela centésima vez, mas o riso será sempre novo e divertido. O riso será sinal que saímos fortalecidos da situação.

Meus filhos riem muito quando lembram quando, " como professora", prometi aos meus alunos gravar um troféu ganho por eles, num campeonato de futebol. Logo gravado, seria devolvido aos alunos e exposto na sala de esportes da escola. Trinta anos depois, o troféu continua sem gravação e sem ser devolvido; ficou esquecido nas minhas coisas. Meus filhos me fazem sentir culpa e dizem que a professora certinha, capotou na saída do jogo. Meus alunos, hoje adultos, devem contar a história para seus filhos sobre o " troféu que nunca mais viram", a professora roubou!

Em casa, gosto de ter as coisas nos devidos lugares e ter hora certa para os compromissos. Durante a vida foi preciso conciliar tarefas domésticas e maternais com as tarefas profissionais. Não dava para vacilar, senão corria o risco de atrasos ou não cumprimento de algumas. Deixar uma cozinha sem arrumar ou deixar alguém esperando era motivo de sofrimento para mim. Hoje, se der vontade de deitar ou ver um filme, deixo sem culpa louças por lavar ou roupas para estender. Se não estiver a fim, desmarco compromissos, invento desculpas e fico de papo pro ar, em casa.

Nas conversas, esqueço detalhes da narrativa ou repito a mesma história mais de uma vez. Deixem-me passar de maneira tranquila pela terceira idade. Achem graça quando eu trocar os nomes dos filhos e dos irmãos. Eu não ligo, vou rir junto e assumir que as capotadas estão mais frequentes; gargalho junto. O tempo apenas esculpiu a minha alma, o resto é resultado de tudo o que vivi; e vivo plenamente.

Estela Maria de Oliveira

23/02/2023

Estela Maria de Oliveira
Enviado por Estela Maria de Oliveira em 23/02/2024
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