UM CEU AMARELO EM CAPÃO NOVO
Em um dia, passado, deste fevereiro que se está acabando, durante todo o dia, em Capão Novo o céu manteve-se com nuvens que mesmo leves produziam uma chuva, fina, quase uma garoa.
Ao me levantar de manhã deparei-me com esta situação do tempo que durou todo o dia e que, pela constância, me parecia que ia entrar noite adentro.
O Lugar onde trabalho era uma antiga garagem a qual Ana Maria mandou elevar o piso deixando-o no mesmo nível do restante da casa e transformou-o em um atelier onde ela fazia seus trabalhos manuais, bordados e costuras e recebia suas amigas para, juntas, darem risadas ....
Depois que ela se foi para o Lugar do Mistério Eterno eu, para preservar o local e a sua lembrança, coloquei nele os meus livros, uma mesa e quatro cadeiras e transformei-o no meu escritório e na minha sala de visitas onde recebo os meus amigos quando me visitam e algum cliente que me procura.
Na parede frontal, da antiga garagem, tem uma grande porta composta de seis folhas de meio metro cada uma que quando abertas me proporcionam uma visão total da frente da minha casa e da rua.
Fiz este breve histórico para dizer que neste dia observei, por toda a manhã e por grande parte da tarde a chuva constante e regular.
Fico neste local até, mais ou menos 18 horas quando encerro meu dia de atividades e vou providenciar os preparativos para o café da noite.
Pois, neste dia, quando eram mais ou menos 17:30 horas, olhei para a porta e vi que as nuvens, até onde a minha vista alcançava, estavam totalmente amarelas.
O Céu estava, de maneira uniforme, amarelo.
Sai para fora inebriado com espetáculo e ao olhar para o lado da Serra vi que o sol, naquele local do horizonte, estava brilhando de maneira espetacular e irradiava luzes para céu em direção ao mar, ainda, enuviado no qual as nuvens, outrora, cinzentas repintavam-se, agora, da cor amarelo ouro fornecendo um espetáculo de grande beleza, de singular harmonia, e de cores para cuja magnitude me faltam palavras para descrevê-lo.
Fui tomado de uma sensação contemplativa e em completo silêncio fiquei apreciando a maravilha que a natureza, gratuitamente, me ofertava em forma de uma grandiosa obra de arte.
Fiquei perplexo com a beleza do que vi e que com certeza, verei de novo, só que não sei quando.
Ficou-me a certeza, também, de que por mais simples ou por mais tenebrosas que sejam as nuvens, dos céus , sempre há a possibilidade concreta de que a luz do sol surja, dissipando-as ou transformando-as em um quadro de divina beleza, incapaz de ser imaginado ou criado pelo mais famoso dos pintores...
(Recanto da Ana e do Erner, 22.02.24- Capão Novo)