VIAJAR - A Tortura ou a Bonança?
Definitivamente, a maioria das pessoas não sabe viajar e por isto desperdiça dinheiro, tempo, desgasta relacionamentos, arrisca sua vida e de outras pessoas, desrespeita a si e ao próximo e muitas vezes perde grandes oportunidade de dar bons exemplos àqueles que consigo convive.
Quem nunca viu um casal brigar diante dos filhos porque um ou outro esqueceu de colocar entre a bagagem aquele protetor solar infantil, ou o brinquedo da menininha que chora na areia porque não tem um balde de plástico que a ajude na construção de seu castelo?
Quem nunca presenciou – ou foi vítima – daquele grupo de infantes que correndo alegre pela praia chuta areia pra todo canto, inclusive pra cima de você? Ou quem jamais se importou com o motorista que, com o carro abarrotado de bagagens e crianças, faz uma ultrapassagem irresponsável pelas nossas já tão perigosas estradas? E o garçom que esqueceu de trazer seu pedido há tanto solicitado?
Afinal, eu me pergunto sempre: em que diacho de lei está determinado que viajar é obrigatório no mês de janeiro? Nos feriados prolongados? Onde está escrito que não seja possível combinar com o orientador pedagógico da escola em que seu filho estude, uma data alternativa para que ele possa faltar a alguns dias de aula em prol de uma viagem em família que seja mais tranqüila, segura e proveitosa?
Por que as pessoas buscam tanto sua individualidade e quando se trata de viajar e poder conhecer novos lugares e pessoas elas não conseguem fazer isto sem ter um “conhecido” junto? Já vi muita gente deixar de viajar porque não tinha “companhia” para viajar... Quanta perda de oportunidades para a vida inteira!
O stress de se viajar em “alta-temporada”, chegar na praia ou na montanha, e ter fila de supermercado pra enfrentar, briga por uma mesa no restaurante na hora do almoço, engarrafamento na estrada, na cidade, na ponte... Toda essa confusão e desgaste emocional-psicológico têm algumas razões básicas: falta de planejamento, massificação de idéias e falta de criatividade.
Quando viajar for um lazer desde sua concepção de datas, destinos, desejos e compromissos financeiros, então o stress e desrespeito que vemos em todo final de ano, verão e carnaval, serão compensados muito mais pelas experiências do que pelo “auê” de ter saído de casa por alguns dias como o seu vizinho também fez.
Isso porque viajar será estado de espírito que só existirá quando for cultivado de maneira constante, sensível, sábia e extremamente ampla. Viajar somente será lazer e vantagem quando bem planejada (se uma viagem solitária, consigo mesmo; se uma viagem em grupo – familiar ou de amigos – com todos), alternativa e criativa, vendo e antevendo além do senso-comum, sem perdê-lo no entanto.
Lembre-se: viajar não é stress, reclamações, correria nas estradas. Deve ser somente lazer, diversão, jeito novo de ver o mundo e a vida... Viajar é estado de espírito, é preparação relaxada e tranqüila daqueles dias sonhados durante um ano inteiro. É ter atitudes que alimentem clima saudável de respeito entre as pessoas.