Um Brinde Ao Conturbado Ano de 2022
Encerro o conturbado ano de 2022 sentindo a miséria gerada por Bolsonaro, enojado com a infindável burrice dos patriotas nos quartéis. Surpreendido com parentes vomitando fascismo e se dizendo cristãos, gritando e se movimentando contras as opressões.
Sem ter presenciado a bonança social, amedrontei com novas cepas da covid, contive a incerteza diante do fantasma desemprego, entristeci com os ocos estômagos mendigando comida pelas ruas. A indignação se apossou da garganta ao gastar níqueis com o alto preço da carne, ao ver o ódio destilado contra os humildes.
Apesar de todo infortúnio, sem domínio de otimismos, na graduação de tantas dores, muitas vezes chutando pedras e esbravejando aos quatro ventos, foram dias também bem vividos. Fui no aconchego do lar dos meus pais, feliz! E reaproximei da terna irmã. Aprendi em longas tardes, lições para toda a vida no convívio com queridos alunos. As poucas amizades permaneceram leais, o genocida não reergueu seu ódio no Palácio da Alvorada para o ano de 2023.
E na dialética composta de barbárie coletiva e frestas de intensos afetos, surgiram péssimas sensações, adoeceu o peito, ardeu tudo em indignações e derrotas. Mas entre pérolas e porcos, lama e paraíso, viver os 365 dias foi vencer obstáculos e forçar a escrita da existência em tortuosas vias.
Um brinde de vinho, de cachaça ao ano de uma corrente pesada em sofrimento. Luz sobre cada ignorância, sobre cada hectare de desigualdade. Diante das injustiças mais indecorosas que corroeram por dentro cada fio de ânimo, ousadia e reinventada inteligência para esmagar, derrubar a maré de horrores que se apossaram do hoje, mas cessarão amanhã!
22.12.2022