UM ESPORTE TUPINIQUIM

Quem diria que um dia você viria tomar tenência, que realmente existe um esporte genuinamente tupiniquim, provavelmente você se esbaldou na infância com esse brinquedo, mas nunca te contaram que originalmente era brincadeira popular dos nativos, antes da chegada dos ditos descobridores, e olha que as penas amarradas ao corpo do objeto, já dava uma boa pista da origem do brinquedo.

Com o passar tempo, o que era uma apenas brincadeira infantil sem regras ou mesmo um espaço definido com suas demarcações, de repente evoluiu para um jogo competitivo, que teve um início tímido, ainda restrito às Alterosas, mas prosseguiu ganhando adeptos, culminando com a criação de uma confederação, para assim normatizar um jogo tipicamente mineiro, mas que ganhou mundo, e hoje podem ser encontradas quadras dessa modalidade na maioria das capitais brasileiras, que tanto pode ser disputado em quadra dura, como na areia da praia.

Indígenas que habitavam o que seria mais tarde o território do estado de Minas Gerais, já brincavam de peteca no processo de aquecimento para competições tribais.

Peteca vem do tupi e significa golpear de mão espalmada, ou seja, seu nome já define o que fazer com o objeto no jogo.

Ao contrário das petecas originais, que usavam círculos de madeira e pedaços de palha, aquelas da nossa infância eram acolchoadas e usavam penas de aves. Depois simplificadas para sintéticas.

Hoje petecas de competição são produzidas de forma industrial, a partir de uma sequência de círculos finos de borracha superpostos e uma estilizada pena sintética complementa o apetrecho, todas obedecendo a um padrão único.

A convite de um amigo mineiro fui conhecer o Parque Municipal das Mangabeiras, na Zona Sul de Belo Horizonte, locado num dos pontos mais altos da capital, além de um privilegiado belvedere de montanhas, o espaço conta com uma profusão de quadras poliesportivas e de tênis, porém, as mais numerosas e concorridas são mesmas aquelas dedicadas exclusivamente à peteca.

Nesse jogo a maior frequência é a formada por duplas, e a princípio tem similitudes com o vôlei, com quadra parecida em dimensões, e a rede além de mais estreita, é também um pouco mais baixa, mas pontos são contados da mesma forma, ou seja, tanto a peteca, como a bola não podem tocar no chão. Soma-se ponto sempre que a peteca toca no chão, espalmada na rede ou fora das quatro linhas.

Hoje até em lançamentos imobiliários nas Minas Gerais o quesito campo de peteca faz parte das prioridades, pois a oferta de quadras públicas nunca conseguiu atender a demanda, logo residir num condomínio com campo de peteca, se constitui num forte apelo para compradores ou investidores.

No Rio de Janeiro, a peteca foi adaptada para areia, hoje quando se passa pela orla carioca, elas ainda são poucas, se comparadas ao vôlei ou ao beach tênis, mas conseguiram fincar traves nas praias do Flamengo, Copacabana, Ipanema, Leblon e provavelmente na Barra da Tijuca. Não duvido nada, que por trás dessas quadras na cidade, uma comunidade de mineiros que escolheram essa cidade para chamar de sua, tentem assim manter, um tradicional costume das Minas Gerais.

Alcides José de Carvalho Carneiro
Enviado por Alcides José de Carvalho Carneiro em 21/02/2024
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