Siqññaatchiaq
Siqññaatchiaq
Quando os banqueiros se reúnem, digamos, num jantar de gala, conversam sobre arte. Quando os artistas confraternizam, digamos, num churrasco, falam sobre dinheiro. Oscar Wilde, com uma ligeira pincelada.
Ai, ai, digam o que quiserem, pra mim o Taylor Sheridan, é um gênio, o cara realmente sabe comunicar como poucos através do cinema, seja como roteirista, diretor, ambos, nalgumas patuscadas em que o nome dele figura vê-se que é pra ganhar dinheiro, noutras a arte no sentido não acadêmico e absolutamente contemporâneo. A coisa como é, e que ninguém mostra. Não como ele.
O gênero espionagem, na falta de uma definição melhor, alcança um patamar inédito em "Special Ops: Lioness". Eu perguntei para um amigo do ramo cinematográfico como o Sheridan sabe tanto e ele me respondeu: ele tem assessores.
Até os anos 90, uma escolta para nadadores intrépidos se utilizava de arpões para intimidar tubarões. Na primeira década do século XXI aposentaram os arpões e passaram para a combinação de um campo de força eletromagnético, às vezes não muito católico e um bastão comprido com uma bola de tênis na ponta para o caso do campo de força não funcionar. Isso é uma tremenda mudança de paradigma.
Em “Lioness…", colocando dessa forma, a equipe que auxilia a protagonista, na maior parte das vezes, usa o bastão com a bola de tênis, exceto quando a situação pede uma medida mais extrema. Outra coisa que me chamou a atenção foi o PEM - Pulso Eletromagnético. Num dos episódios os caras sacam do bolso, literalmente, um aparelho do tamanho de um celular e a mágica acontece.
Naquele contexto, aquilo é nota de um dólar.
Sabe quando eu ouvi essa conversa pela primeira e última vez (até agora)? Através dos artigos do Paulo Francis sobre a Guerra do Golfo, 34 anos atrás. Francis se dizia surpreso com os mísseis e etc. pois afirmava ter conhecimento de que os EUA desenvolveram uma arma capaz de paralisar uma cidade inteira sem destruir nada. Só que não era do tamanho de um Iphone e sim um baita trambolho. Nunca mais vi ninguém tocar no assunto, até o Sheridan colocar isso em “Lioness…", lançada em 2023.
Filmes e séries são ótimos para a desterritorialização.
A rede social Locals anunciou sua saída do Brasil após pressão do…adivinhe. Em dezembro de 2023, o Rumble, concorrente do Youtube, anunciou sua saída do Brasil em protesto contra a onda de censura que vem sendo imposta por…adivinha.
Desterritorialização é o movimento pelo qual se abandona o território.
Pelo menos através da mente.
Em janeiro desse ano lançaram "True Detective 4". Numa única palavra - doideira. Jodie Foster não participava de um seriado televisivo desde 1975. A atriz que contracena com ela, Kali Reis, 37 anos, nascida em Rhode Island, fez sua estréia nas telas em 2021. Até então, e isso não me surpreendeu nem um pouco, a mulher foi campeã mundial de boxe em mais de uma categoria.
Alguém disse: A obra é sobra do processo.
Para quem viu os trabalhos anteriores do Nic Pizzolatto, o anúncio da quarta temporada causou inquietude. Entretanto, vale ressaltar que "True Detective 4 - Night Country", foi criado, roteirizado e dirigido pela mexicana Issa López, tão genial quanto o Sheridan. E mais - impossível chegar a essa conclusão assistindo só uma vez.
Trilha sonora assinada por Vince Pope, moderna, alta qualidade, chama a atenção.
Música também se mostra uma ótima ferramenta para se desterritorializar.
Apenas mês passado tomei ciência do senhor Kenny Dorhan, (1924 – 1972) e do consenso existente em torno dele: ele era tão bom que resolveram ignorá-lo.
Assim como o Google, a princípio, meio que ignora os Inupiacs.
Siqññaatchiaq significa "Retorno do sol após um longo período de trevas".
Enfim, toda a dor desse mundo está sendo transformada.
Outro alguém disse que a terapia do futuro não envolverá encontrar e sentir a dor do passado, mas sim facilitar o abraço do entusiasmo inerente. Já estão surgindo modalidades para ajudar as pessoas a se “religarem” a estados neutros para que sua alegria natural possa surgir.
Imagem: A.C. Chaves