Os liberais são liberais? E Paulo Guedes. E Javier Milei.
- Os intelectuais inventam cada asneira, que só vendo.
- O que tu viste agora.
- Agora eu não vi, eu vejo. Num pensamento, pensamento que se pensa com a cabeça, pode haver coerência, mas tal pensamento, se na cabeça coerente, no mundo real não o é, nunca foi, nunca será, e não pode ser.
- Confusão dos infernos.
- Há idéias que provam a inteligência das pessoas que as pensaram desde que elas lhes fiquem dentro da cabeça; se fora, são asneiras.
- Que tu expliques o que tens de explicar.
- Ora... Vedes... Ouvis... No tempo do Capitão, e do Posto Ipiranga, que é um liberal, homem que vê no Estado um mal em si mesmo e que quer pô-lo no chão, alguns sabidos disseram que ele, ministro da Economia, portanto, funcionário do Estado, usando das engrenagens do Estado para reformá-lo, não é um liberal, não está agindo como um liberal, pois, para agir como um liberal, ele jamais poderia ser ministro de Estado.
- E tal raciocínio está certo. Onde tu vês o erro?
- Em lugar nenhum, em nenhum lugar.
- Então, qual é a encrenca?!
- Eu não disse que tal raciocínio está errado. Não está errado. É perfeito. Não tenho dele o que tirar, e nem o que pôr.
- Então, qual é o problema?
- O problema está em se tirar a idéia do papel.
- Não entendi patavinas.
- Ora, ouçais, e ouçais bem.
- Impossível. Sou meio surdo do ouvido esquerdo; e do direito, inteiramente cego.
- Por quais meios se pode reformar o Estado?! Por meios pacíficos e por meios violentos. Os revolucionários e os anarquistas preferem aos pacíficos os violentos. Sempre que se aventuram, caem do cavalo. Os anarquistas já obtiveram alguma conquista?! Que eu saiba, nenhuma. Só se ferraram. E os revolucionários?! Os revolucionários fizeram da Terra o inferno. A história que o diga. E há quem prefira os meios pacíficos, que, parecem-me, são os melhores. Por meios pacíficos a coisa não vai na toada que se deseja, mas vai. Paciência e caldo de galinha não fazem mal a ninguém.
- Aonde queres chegar, ô, jagunço?!
- Ouvis. Estais me ouvindo, cara-pálida?!
- Com os meus ouvidos, sim.
- Então, que vós me acompanheis: por meios pacíficos, os liberais participam do Estado, movem os seus mecanismos, reformam-lhe a estrutura, reduzindo-lhe o poder de interferir na vida das pessoas.
- E como fazem isso?!
- Desregulamentando a economia, reduzindo a carga tributária, acabando, enfim, com os meios que o Estado tem a disposição para controlar as pessoas. Não é possível, creio, eliminar-se o Estado; nem desejável é. O Estado tem o seu porquê. Mas, estamos a nos desviar do trajeto previamente traçado... O liberal, dentro do Estado, tendo poder para reformá-lo, reforma-o a ponto de torná-lo menos intrometido, intrometido sem ser querido, na vida das pessoas. Menos intrometido o Estado, têm as pessoas mais espaço para agir; e as pessoas adquirindo gosto pelo maior espaço para expandir suas ações irão, com o passar do tempo, rejeitar quaisquer políticas que venham a aumentar o poder do Estado.
- Verdade verdadeira. Faz todo sentido. Se se é preciso que se esteja dentro do Estado para modificá-lo, os liberais seguem liberais apesar de agentes do Estado.
- O que vale nesta equação é o resultado, e não o meio.
- Estou de pleno acordo contigo. Na prática a teoria é outra.
- Sem dúvida.
- Que os liberais infiltrem-se no Estado, e o reformem.
- E vivas ao Posto Ipiranga.
- E ao nosso hermano, o Javier Milei, o Wolverine da Patagônia.
- E os intelectuais, que se alimentam de idéias...
- Que engulam sapos. Avante, Vingadores.
- O Wolverine é do X-mem.
- E dos Vingadores também. Ele, o Homem-Aranha e mais um punhado de super-heróis. E, acho, até, que do Quarteto.
- Que fuzuê desgraçado!
- Que os liberais sejam liberais dentro do Estado.
- Que assim seja.