Bitcoin - O hype tem futuro?

BITCOIN(1)

É provável que o assunto mais falado em 2017 tenha sido o Bitcoin, uma criptomoeda, dentre milhares que virou moda entre descolados. Tentei buscar na memória o tema mais badalado e mais comentando em todas as faixas etárias e não encontrei. Vi adolescentes explicando aos pais neófitos em tecnologia - claro que explicando errado pois algumas tecnologias e assuntos da moda, não são para qualquer leigo.

Querer entender de uma tecnologia (e Bitcoin não é a tecnologia) do dia para a noite não é para qualquer um. Bitcoin para a tecnologia que o suporta é como uma marca de automóvel que pode utilizar tecnologias como o motor a combustão ou elétrico.

Vi senhoras sexagenárias (ou mais!), pedindo para um netinho investir no tal "biticom" ( vi gente falando em vai no www.bit.com - rsrsrs ).e,  Inclusive, presenciei muito profissional de tecnologia experiente e alucinado para entrar na onda investindo, ficando noites acordado à base de energético, mas sem noção do que devia fazer e por onde começar.

Mas, com toda a certeza, foi o Hype de 2017(2).

HYPE

A expressão hype significa que uma coisa, uma ideia, um produto, um serviço ou até mesmo uma pessoa, está "dando o que falar", vira o tema que todos discutem. É provável que poucos saibam por quê; poucos saibam o que é, entretanto, o medo de se passar por ignorante e alienado, torna as pessoas mais alienadas ainda.

Em outras palavras, sendo objetivo e politicamente incorreto, chamo-os, fraternalmente, de teleguiados, imediatistas ou seguidores cegos de influenciadores de redes sociais.

Esse termo (hype) deriva-se da figura de linguagem denominada hipérbole, uma vez que a é aplicável quando exagera-se, de maneira intencional, para transmitir a ideia de que algo é muito maior do que realmente é. Por outro lado, não deve ser confundida com o prefixo  Hiper ou Hyper. Mas não tem controle. Portanto, o pessoal de marketing sabe estas coisas sem controle muito bem e se esbaldam.

Desse modo, hype é uma expressão que incide, em tempos de redes sociais, quando há exagero para definir algo de forma dramática, transmitindo uma ideia aumentada do original. Alguns chamam de propaganda enganosa. No caso do Bitcoin, poderia ser associado àquilo que faz com que uma coisa possa ser classificada como "bolha" de alguns setores da economia.

O DEBATE

BOLHA

Bitcoin é simplesmente uma criptomoeda. Ou seja, a partir da tecnologia denominada criptografia assimétrica, foi possível estabelecer regras de validação e uso que convencionou-se chamar de blockchain. As duas tecnologias  (criptografia assimétrica + blockchain) aliadas a alguns processos, possibilitaram a criação de centenas de criptomoedas, Bitcoin é apenas uma delas. Existem criptomoedas que não utilizam blockchain, mas esta é outra história que fica para o futuro.

O hype, na minha opinião, é algo forçado com o propósito de atender interesses escusos e individuais de alguém. Provocaram histeria coletiva que pode, sim, levar a um estouro e prejudicar todo e qualquer avanço das criptomoedas. O hype pode fazer com que a bolha realmente mostre a sua face e estoure.

AMOR E ÓDIO

Normalmente, bolhas e hypes são alvo de amor e ódio e, assim sendo, isto ajuda a aumentar a exposição, os ganhos e a imagem de uma coisa desconhecida. Nem vou entrar na discussão técnica e tecnológica deste assunto. Estudo criptografia assimétrica (e derivativos) desde 2000 (mais de 18 anos). Sei muito pouco, mas o suficiente para saber que esta briga entre os lovers e haters, não chegará a bom termo.

Em suma, o debate virou Fla-Flu, entretanto, os personagens das redes sociais ainda não entenderam a "magia" de quem está ficando rico com criptomoedas. A arbitragem(3) tá igual advogado de causa de família, só eles ganham. Grupos e espaços comerciais apelam para as estratégias mais canalhas e comportamentos aéticos e nada profissionais. O profissional que trata a sério o assunto nem deve entrar nestes espaços. Já tive ânsia de vômito diante de certos posicionamentos e opiniões.

Enfim, lamentável que uma tecnologia pura, maravilhosa, da criptografia assimétrica e suas chaves públicas, que possibilitou o blockchain, esteja sendo relegada por questões de paixão.

Outrossim, a crescente utilização de criptomoedas, muito além do Bitcoin, deu uma nova cara para as possibilidades de atuação das pessoas com criptomoedas. Tomemos uma frase que demonstra que os tempos são outros: "... se em 2014 eu tinha 1 BTC (Um Bitcoin) eu posso, hoje, ter este Bitcoin em uma semana ou um mês. Nada mais falacioso, as limitações da tecnologia, a concorrência de milhões de pessoas com o mesmo pensamento são definitivas para prova em contrário. Como se não bastasse, a profusão de golpes e falcatruas dos últimos tempos têm comprovado que é melhor não meter a mão em cumbuca que não se conhece o conteúdo.

SATOSHI E BITCOIN

Satoshi Nakamoto é o pseudônimo do cara a quem é atribuída a criação do Bitcoin. Este texto foi originalmente escrito no final de 2017, logo após o lançamento do excelente documentário denominado "Banking on Bitcoin"(*). Ler a pequena biografia de Satoshi e da própria criptomoeda no Wikipedia é necessário. Ver o filme é muito pedagógico e é uma pena que ele não esteja mais no catálogo da Netflix.

Logo após as leituras do Wikipedia a pessoa que se interessa por criptomoedas, e quer entrar neste mundo sem passar vergonha, deveria entender o amplo ecossistema e definir qual o papel que deseja desempenhar no processo. Já existem livros(4) bastante consistentes para algumas atividades, como por exemplo se a pessoa quer ser um investidor ou se vai fazer um papel de corretor. Entretanto, para atividades que exigem conhecimento da tecnologia, e não falo de criptografia, aquela ideia tipo "Glauber Rocha" de "um notebook na mão e etc.", definitivamente, não cola.

Enfim, não é o fato de um determinado país adotar o Bitcoin como moeda que faz disso uma definição para o futuro. Outras criptomoedas tiveram crescimento vertiginoso em função de especulações econômicas e de investidores agressivos. Outra questão que tem colocado muita gente em estado de confusão mental é a diferenciação entre criptomoeda e moeda digital. Estes temas estão em evolução e uma pessoa qualquer que se aventure a "ganhar dinheiro" com criptomoedas, deve estar preparada para perder muito ou pagar caro.

P. S.

(*) A tradução para o português gerou o título desagradável de "Banco ou Bitcoin", certamente feito por algum estagiário sem tradutor do Google. Filmes lançados em 2017 sobre criptomoedas foram indicados no Tecmundo.

(1) "Bitcoin - O hype tem futuro?" em https://evandrooliveira.pro.br/wp/2017/12/29/bitcoin-o-hype-de-2017/

(2) Este texto foi escrito, originalmente, no final de 2017, a revisão e atualização se fez necessária em função de muitos fatores.

(2) Negociação automatizada de criptomoedas

(3) Por exemplo, Bitcoin, Blockchain e muito dinheiro - Christian Aranha

(*) Revisado e atualizado em janeiro de 2022