Rabiscos
— Papai, fiz este desenho para você! – entregou os rabiscos sem sentido algum ao pai (sem sentido para quem não enxerga com o coração).
— Que lindo, filho! Papai amou o que você desenhou e escreveu para mim.
— Mas você está mentindo. Não há nada aí que se possa entender. – cochichou alguém que estava próximo ao pai quando recebeu a arte.
— Um pai sempre entende os rabiscos de um filho, por mais difíceis que sejam de compreender. Há linguagens que meu filho me diz que somente eu compreendo. Para quem olha, há só linhas soltas e uma frase desconexa. Contudo, eu o entendo sempre, até mesmo quando ele está em silêncio. Isso que o faz me amar: o fato de ele apresentar a mim suas linhas imperfeitas e eu não julgá-lo ou questioná-lo, mas apenas acolher e buscar compreender tudo que ele me apresenta quando mais ninguém o compreende.