VAMOS ALI, ATIRAR UMA PEDRA EM JESUS!

Jesus Cristo era judeu de nascimento, mas sua nação era o mundo; amava a todos, sem distinção. Não tinha a menor relevância o fato da pessoa ser pagã ou não, rica ou pobre, cobradora de imposto, lazarenta, prostituta ou não. O que importava para Ele era o ser humano na sua essência divina e não a pura e simples origem do homem. Era a disposição do ser, ainda que crepuscular, em querer melhorar, mudar a natureza dos sentimentos, vibrar numa escala mais próxima do bem, do amor, da paz, era isso que Ele buscava e despertava em cada um que ouvia sua voz e lhe seguia os passos.

Se vivesse na época do nazismo, Jesus seria vítima do fascismo da extrema-direita, como foi vítima, guardadas as devidas proporções de tempo e espaço, dessa mesma gente na época do domínio do império romano conluiado com o governo fantoche e cruel da Judeia. Se Jesus estivesse vivo hoje, choraria pelas vítimas judias do Hamas e pelas vítimas do fascismo do atual Estado judeu. Se vivo hoje, sem dúvida nenhuma, Jesus Cristo sofreria nas ruas a violência policial, o desprezo das pessoas chumbadas nas suas aspirações meramente materiais. Ele seria insultado e apedrejado com vigor por cristãos furibundos em defesa de “deus, pátria, família e liberdade”.

Esse é o tempo, o clima, o ânimo e a disposição hostil de parte considerável da sociedade no mundo inteiro.

No Brasil, o ódio se tornou um grande negócio depois que descobriram que com ele se pode ganhar muito dinheiro, prestígio e poder. Por isso tantos adeptos fanáticos, tantos pregadores ferrenhos. Por isso tanta gente o defende seja nas ruas, nas mídias, nos altares ou nos parlamentos. Por isso não se consegue apagar o ódio. Ao contrário, o amor puro se tornou obsoleto depois que o ódio ocupou a mente e os corações daqueles que deveriam velar por ele. O lucro do amor puro não é retornável nem mensurável em cifrão, não é avaliado conforme as cotações do mercado, nem é pesado em barras de ouro ou propinas. O amor puro não tem lobby, nem patrocinador. Daí o desinteresse.

Jesus Cristo não estava e nunca esteve errado, nem Ele, nem Buda, nem Confúcio, nem qualquer um dos próceres da paz que já estenderam as mãos piedosas para a humanidade. Nós é que falhamos e continuamos tropeçando miseravelmente nos nossos próprios erros. É a nossa ambição desenfreada, nosso orgulho estúpido que nos fazem menores quando poderíamos bater asas ao infinito. É mais fácil bater, pisar no caído do que levantá-lo pois o ódio não nos iguala, faz-nos pensar que somos melhores, “escolhidos”, “eleitos”, “ungidos” e temos por direito o privilégio de não estarmos no chão. Se uma única pessoa clamar para que se salve um ser humano vencido pelas dificuldades da vida muito provavelmente sua rogativa não encontrará resposta, mas basta um aceno para que uma multidão, impelida pelo ódio irracional, acorra célere ao chamado para apedrejar, imolar sem misericórdia, qualquer um que não lhe comungue a mesma doutrina, que não lhe confesse a mesma crença e posições no quadro social.

O mundo não precisa ser refeito, o ser humano é que necessita de reparo pois a responsabilidade de corrigir os erros grotescos que fizermos ao mundo é tarefa eminentemente humana.

Adolfo Kaleb
Enviado por Adolfo Kaleb em 19/02/2024
Código do texto: T8002305
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2024. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.