Série – Curiosidades Literárias – Cap.#09 – Crônica: “Lamartine Babo e a grande nação rubro-negra” – Renato Cardoso

Fonte: https://entrepoetasepoesias.com.br/2022/11/02/serie-curiosidades-literarias-cap-09-cronica-lamartine-babo-e-a-grande-nacao-rubro-negra-renato-cardoso/

Que Lamartine Babo, assim como Nelson Rodrigues, foi uma figura muito presente no futebol brasileiro, não temos dúvidas. Aliás, o jeito jocoso de Lamartine o fez ser conhecido também no carnaval. Afinal, quem não lembra das marchinhas “Teu cabelo não nega” e “Linda morena”?

Mas por que decidi escrever sobre isso? Sou um rubro-negro apaixonado pelo meu time e esperando ansiosamente pela final da Libertadoras, escutei o vizinho, também flamenguista, colocar o hino do Flamengo alto. A introdução sempre me chamou a atenção, os metais parecem um chamado, um despertar para guerreiros.

Fiquei pensando na composição e resolvi pesquisar sobre, para ver se encontrava alguma curiosidade e eis que algumas surgiram. Lamartine Babo foi o autor da canção mais popular feita para homenagear o time carioca, mas não era o hino oficial até então…. O primeiro foi criado pelo ex-goleiro e jornalista Paulo Magalhães em 1932.

O hino oficial não tinha um nome específico, somente “Hino Rubro-Negro”, que exaltava as vitórias do Flamengo tanto terra quanto no mar (neste caso, devido a equipe de remo ter sido muito vitoriosa). Paulo jogou pelo time rubro-negro entre 1918 e 1919. O hino foi criado vinte e um anos depois que o departamento de futebol foi concebido. O hino foi cantado pela primeira vez em 1920, em comemoração aos vinte e cinco anos do clube, antes da partida contra o Palmeiras de São Cristóvão, válida pelo Campeonato Carioca.

Em 1945, Lamartine Babo criou uma marchinha, em homenagem ao clube, chamada “Uma vez Flamengo, Sempre Flamengo”. A marchinha fez tanto sucesso, que cinco anos depois o cantor Gilberto Alves a gravou, ficando assim registrada oficialmente. A gravação foi feita em homenagem ao cinquentenário do clube. Babo não era rubro-negro e sim torcedor do querido América do Rio de Janeiro.

Nota do autor: Não consegui terminar de escrever esta crônica antes da final contra o Athlético Paranaense, o nervosismo foi maior, mas felizmente o hino de Lamartine tocou mais alto de novo (isso é assunto de outra crônica)

A marchinha então tomou lugar do que era o hino do clube. Após o grande sucesso da marchinha rubro-negra, Lamartine escreveu outras que também viraram hinos nas equipes do Vasco, Fluminense, Botafogo, São Cristóvão e do seu querido América.

Emocionando pela final da Libertadores, fiquei imaginando do orgulho danado que o Babo deve ter tido ao ver que suas marchinhas virarem hinos e especialmente a do Flamengo, que virou o hino não de um time, mas sim de uma nação inteira.

O compositor, que uniu as três paixões do brasileiro (música, futebol e carnaval), conseguiu representar perfeitamente o orgulho de ser rubro-negro com a célebre frase: “Eu teria um desgosto profundo se faltasse o Flamengo no mundo”.

No amanhecer do dia 16 de junho de 1963, o samba e o futebol perdem uma de suas maiores figuras, Lamartine Babo.