OS MEUS ENTAS
Há muito entrei na fase dos entas,
árduo foi o caminhar até agora.
O tempo passa rápido, ligeiro,
logo leva os anos embora.
Primeiro vieram os quarenta,
passou logo, um tormento.
A visão diminui, o grau dos óculos só aumenta.
O meu caminhar já é lento.
Cheguei então aos cinquenta,
acredito ainda estar maneiro,
a mente quer, mas o corpo é todo enguiço.
Recebi prêmios, medalhas e selos
"Meio século de bons serviços".
Ganhei barriga, perdi cabelos.
Logo vieram os sessenta,
Hoje só penso naquilo,
dia e noite, noite e dia
iludido à espera, daquilo,
a mísera aposentadoria.
Bate a saudade do tempo de criança.
Então, quietinho a gente se senta
pensando que ainda há esperança
o esqueleto escangalhado, a alma atenta.
Contente por mais um enta,
hoje agradeço os votos dos amigos,
Que bom desfrutar da sua amizade.
Ainda somos jovens, jovens antigos.
Vamos esperar os anos seguintes,
acredito que o coração aguenta,
Agora que completo sessenta e oito.
(Por favor, sem piadas sobre os sessenta e nove)
só faltam doze para os oitenta
confesso, ter amigos é o que me move,
Contudo, aguardamos os setenta,
com a vida plena de felicidade,
quem sabe ultrapassar os noventa,
ser apenas idoso, nunca velho, apesar da idade.
Se olhar mais adiante, também,
com um pouco de sorte,
espero chegar aos cem,
com corpinho sarado, serelepe e forte.
Que assim seja, amém!