“Há meros devaneios tolos a me torturar”
Dia dos namorados. Não aqui. Mas em alguns lugares. Não no meu coração, mas em alguns outros.
Pra quem ainda cambaleia do vinho do amor, todo dia é dia. Eu acho que namorar não é bom, que dirá casar. O bom é deitar sobre um peito e pensar na vida. Medir as mãos. Beijá-las. Pegar nos cabelos. Prendê-los. Olhar nos olhos. Fitá-los. Abraçar e sentir o que há de ser sentido. Recostar-se no carro. Ou numa parade com o pôster de uma banda antiga. Esconder-se nas ruas escuras. Temer. Sentir a coragem nunca antes vista. Deixar livre as mãos do outro, a boca. Mas nem tanto. Não sou só mistério de espírito, mas de corpo.
Pra mim, quem namora precisa aceitar o outro todos os dias. Namorar todas as horas, inclusive nas difíceis. Estão me livrando disso. Será Deus? Não sei.
Eu sou muito o coração dos outros. Gosto de namorar os outros. De imaginar os outros. De observar e de pensar que é cilada atrás de cilada. Só o que peço ao Tempo Rei é que me traga os meus, pois quero andar e viver historinhas, quero dar risada e fazer graça, quero ter o que jamais tive na excruciante vida escolar. Quero viver antes de dizer que meus vinte anos de girl “that’s over, baby”. Se bem que terei vinte quando quiser ter vinte. Porque da pandemia pra cá eu coleciono tons de dezesseis.
Ao meu futuro-quem-sabe-talvez namorado, boa sorte.