E agora, José?
ESTAMOS no quarta-feira de cinzas, também chamada de dia da ressaca, mas que é simplesmente outro dia. No entanto, não custa parodiar o poema de Drummond
E agora. José? A festa acabou, a luz apagou, o povo sumiu, a noite esfriou… E agora, José? Não tem mais paredão de som, artistas medíocres ordenando que vicé levantasse as mãos e pulasse feito uma guariba? Não tem mais bebida, folia, nenês macetando o que lhe resta de juízo, zoada, circo. Acabou a festa José, o colorido da fantasia foi substituído pelo preto e branco da vida de palhaço triste. Voltou a realidade, voltaram as dores, os problemas, as carências. Vicê vai ter que batalhar, ficar no trabalho, se ainda houver trabalho. Coisa difícil.
Sim, ainda resta as apurações e festas da vitória, mas a fome e a tristeza começaram a aparecer. Mas você é duro, José. Vai sempre viver na ilusão de festa é fantasia, vicê é uma marionete do mercado. Você é teimoso. Goza sofrendo. Curta sua ressaca e sonhe com a próxima. William Porto. Inté.