Silere

A velha sensação sentida de um jeito novo.

Um jeito novo e mais cruel, mais profundo, mais lúcido.

Sinto que envelheci uns dez anos nos últimos tempos, muitas coisas caíram sobre mim com um peso enorme. Coisas abstratas porém concretas em suas definições e significados. Aprendi a silenciar, a me calar em situações que eu questionaria, gritaria... simplesmente por não ter mais força, por não ter quem ouça ou se interesse em saber. Quando a ânsia me visita, eu calo. Quando as vontades surgem, eu calo. Quando as lembranças, saudades, algumas verdades indigestas, estranhezas me batem à porta, eu as silencio. E está aí o peso. São meias verdades criadas pelo tempo, por sua mente, por observações. É ver a poeira baixar em câmera lenta, ver o passado atuando, ainda, em seu presente, é pensar no futuro com receios. É sentir, mesmo que eu não saiba o que sinto, o sentimento está aqui. Escuto a tudo de orelhas baixas, vejo tudo com a boca fechada, e abaixo a cabeça em momentos como esse. Estou quieta, branda, aparentemente calma, mas isso é só na superfície... esses dez anos inesperados tem me abraçado de forma estranha, mas não me deixo perder o equilíbrio. Estou vivendo meio perdida as vezes, mas alerta no todo. Tenho visto uma vida passar por mim, eu sou a observadora, eu assisto ao que acho viver.

Enfim aquiesço, acostumo-me ao peso, aos dez anos e silencio.