AUSÊNCIA DE EMPATIA NESTE MUNDO DO RACIONALISMO SELVAGEM

Empatia, palavra de significado não descrito por grande parte das pessoas, mas por vezes vivida justamente por quem a desconhece; aqueles com um nível cultural limitado, que não dão tanta importância às aparências, que se aproximam sem pretensões a longo prazo, acabam sendo as pessoas predispostas a se somar a outras para superar problemas. A arte de se colocar no lugar dos outros, ter a paciência para escutar (e não apenas ouvir) as lamúrias de outrem e compartilhar parte dos sentimentos ali contidas; embora seja uma das características tidas como atributos humanos (portanto, que nos distingue dos outros animais), na prática acaba sendo utilizada justamente pelas pessoas que deixam um pouco de lado a razão e abrem espaço para a emoção. Algo que está cada vez mais raro nesses tempos de racionalismo extremo das atitudes, ter essa ligação tão somente por laços sociais, embora muitos possam dizer que tem empatia aos outros, na maioria das vezes tal situação só acontece quando envolve pessoas bem próximas (em geral com laços sanguíneos) e, mesmo nesses casos, o olhar é diferente a depender do que aquela outra pessoa possa oferecer.

Vivemos tempos de relações frias, onde as pessoas mantém certa cautela sobre as intenções de seus semelhantes, baixar a guarda não é algo comum hoje em dia; então... Quando alguém externa suas fraquezas contando uma situação que o deixou abatido, pessoas desse mundo de selva têm duas reações: ligam o alerta para não cair em emoções e/ou minimizam aquele ocorrido para aparentar ser mais forte que aquela outra pessoa. Em geral, acusam um mimimi, vitimismo, comodismo ou qualquer outra falha de caráter daquela pessoa, atrelando-o a um oportunista que quer manipular os outros e assim ganhar benefícios.

É a famosa falta de empatia. Os problemas dos outros são sempre bobagens, frescuras, culpa da própria pessoa ou apenas uma percepção devido alguma doença mental. Não importa o que foi falado ao "amigo", os detalhes dos relatos apontando as situações que o deixaram decepcionado... Para o egoísta, aquilo nada mais é que tentativa de chamar a atenção, ou fruto de transtornos mentais.

No entanto, quando a pessoa que busca ouvidos é aquela que tem algo a oferecer, tem recursos, poder de alguma forma, tal descaso se esvai, as atenções se voltam a essa pessoa com grande facilidade. Não precisa se quer iniciar desabafos, os puxa-sacos notam no semblante algo errado e se colocam como “ombro amigo” para ajudar no que estiver a seu alcance.

Infelizmente vivemos tempos de insensibilidade, oportunismo, superficialidade nas relações sociais. Somado a esses problemas, temos do outro lado pessoas que blindam seus problemas, tentam levar a vida demonstrando relativa tranquilidade, pois sabem do terreno em que vivem (de gente que vê a fraqueza alheia como trampolim para se mostrar vencedor). Tentam ajudar todo mundo dentro de suas limitações na busca de ter o mínimo de atenção, tornando a situação ainda pior, pois o “bondoso” passa a ter a obrigação de "ser bom" uma vez que sempre foi “psicólogo” para os outros e sempre esteve pronto a ajudar todas as vezes em que foi solicitado, no dia que falhar nessa obrigação todos os dedos lhes serão apontados.

Não são raro os casos de suicídio entre pessoas que aparentemente não tinham problema algum. Portanto, esse breve texto tem a função de conscientizar eventuais leitores a repensar suas atitudes, valorizar as pessoas que merecem valor e atenção, e entender que a guerra da vida é contra os problemas que se apresentam, inclusive aqueles que afligem as pessoas que tem importância em suas vidas e que esperam de você ao menos um “eu entendo você”.