Silêncio Cínico
A liberdade é uma amante que escondemos de tudo e todos. Um romance proibido, um pecado católico. A maioria gosta de usufruir, mas não assume.
É uma dama que te beija nos lábios delicadamente, te seduz e vai embora, deixando nostalgias e desejos de loucura.
Retorna nos momentos mais improváveis, te despindo por dentro, fazendo você se tornar um personagem.
É idolatrada como uma deusa, mas evitada como uma meretriz. Seus seguidores são as sombras do mundo, mascarados e reais entre os seus.
Nos seus instintos mais secretos, te assombra, mostrando que és dela. Nas suas prisões, esbarra em teu ombro, enquanto se alia ao teu silêncio.
Se houvesse casamento entre o indivíduo e ela, deixaria seu nome, e seu trono, como um monumento sagrado, intocável.
Somos súditos dela, e nas portas invisíveis por onde atravessamos, se torna mortal, sangrando como nós. Depois se despede, esnobe e valsando, abastecendo nossa ilusão, flutuando para o mundos dos sonhos.
A liberdade é a roupa de festa que não sabemos quando vamos usar. Os que fogem dela, vivem do outro lado do espelho, ou no palco, atuando para quase todo sempre, e se perdeu na jaula aberta, com trilhas abandonadas, dificilmente encontrará o caminho, e sabe lá se vai sentir novamente a sensação do primeiro amor que ela causa.