Refrões
Pai, afasta de mim essa vontade de ouvir metal oitentista.
Sei lá a causa, acordei cedo na sexta feira de Carnaval ouvindo Nasty Savage enquanto passava o café.
Acho que estava tocando Obituary quando entrei ontem na loja de discos pra jogar conversa fora com um velho punk amigo meu. A gente falava sobre Paralamas do Sucesso, Ratos de Porão, futebol, política e religião enquanto na vitrola rolava Dorsal Atlântica, Accept, Adoniran Barbosa, Kraftwerk, Fela Kuti & Nigeria 70, etc.
Agora olho horizonte azul desbotado carregado de nuvens de chuva pela janela da cozinha, lembro que esqueci de alguma coisa. Mexo o copo americano esperando o café esfriar pra não queimar a língua.
Alguém me liga pedindo a máquina de cortar cabelo emprestada, argumento que estou estudando o método paranóico-crítico e que não posso interromper o fluxo de consciência da personagem do romance que estou escrevendo logo que este está num ponto nodal da trama.
Coloco o fone no gancho, mas já era. A ideia fugiu furtivamente. Melhor virar o disco e aproveitar o ócio.