Lágrimas no recanto, o lagosta, e o escapismo.
Uns falam o amor segundo Pessoa, outros falam o amor segundo Simone Mendes em "Erro gostoso", outros dizem que amor é quando você separa aquela comida, que sabe que o alguém vai gostar. Amor pode ser também aquela do Nando Reis. Não gosto de Nando Reis, espero que ele não leia crônicas.
"Uma magnífica desolação"
Foi assim que Buzz Aldrin, um dos astronautas a pisar na lua, descreveu aquele vazio gigante da coisa. Uma desolação muda e invisível.
Andei pensando, será que é isso, será que é esse o caminho? Todo mundo que escreve, o faz porque nasce o amor, ou dói o amor, ou vive o amor uma coisa nem outra, um objeto voador não identificado? Um sei lá de amor? Escreve na ânsia de querer fugir dá desolação da lua?
E aí se estica a vontade de tornar o que é de dentro, de nós, coisa visível. Deixar com que o inexplicável, seja simples e compreensível? Coutinho, o do documentário, diz que "Ser ouvido é ser legitimado"
e ser lido, será que também?
Buzz Aldrin se casou aos 93 anos de idade. Não sei se há uma conclusão a ser tirada disso. Na verdade, as vezes tem coisas que só são. Não precisam de uma conclusão por trás.
Vi "O lagosta", aquele filme.
Depois de "Pobres Criaturas", quis saber mais da estranheza de Yorgos Lanthimos, o diretor. Quer dizer, vi a primeira hora do filme. Além de não gostar de Nando Reis, eu não gosto também de devorar muito rápido as coisas. Tenho que quebrar filmes em dois.
É como se alimentar; Quando você come rápido demais, quando não se dá tempo de saber o que é o quê, tanto faz se é pudim, ou chessecake. Pudim é minha sobremesa favorita, chessecake nunca comi. Pelo nome, parece ruim.
O filme, a primeira metade dele, gira em torno disso do parágrafo anterior. Vou explicar melhor: Esse carinha, o protagonista, acaba de perder a sua mulher. Vai a um hotel onde lhe é explicado a coisa toda: Você tem 45 dias pra conseguir uma parceira, caso isso não aconteça, será transformado em um animal de sua escolha.
E aí isso se dá nessa "caça", nesse match, quase como um Tinder selvagem. (Aliás, bom nome pra reality show, "Tinder selvagem" , traduz bem)
No filme, há homens, mulheres, eles tem que se conhecer, interagir, conversar, encontrar gostos parecidos, idiossincrasias, ódios em comum, esse tipo de coisa, quase como é na vida real.
Eu não saberia dizer, eu acho, que animal eu me transformaria se me perguntassem.
Cachorros são bobões demais, gatos são independentes demais. Tenho medo de altura, então aves estão fora. Tenho medo de escuro e um pouco de sangue, isso manda embora a maioria dos predadores. Não sei nadar, tendo inclusive ganho ainda criança, um trauma de mar depois de um afogamento, então...nada de ser um peixe.
Responda aí nos comentários, diga que animal você queria ser transformado, caso estivesse no filme "O lagosta". Vou pensando enquanto isso.
Escrever é um escapismo fácil, eu acho, o que não significa indolor. É como se pra esconder o frio, pra encobrir a coisa, vocês tivesse que sentir uma dor ainda maior
Quem escreve, eu andei pensando, só escreve pra talvez empregando nas frases, dizer sem pudor, todas as palavras agora, na esperança de quem sabe um dia, nada nunca mais precise ser dito. Que nem em "Mania de você", sabe? A música, quando Rita Lee canta sobre fazer "amor por telepatia".
Rita Lee, assim como Nando Reis, tem cabelo ruivo, e assim como ele, faz música, mas diferente do Nando Reis, que é chato, eu gosto das músicas dela.
Rita Lee e Roberto de Carvalho viveram uma história de amor intensa, por 47 anos inteiros.
Falando em "Amor por telepatia" Vi agora que lançaram essa coisa, esse óculos de realidade aumentada (não é engraçada essa nomenclatura "Realidade aumentada"? Se é real, já não está como deve ser? Num tamanho ok? Enfim...) É o Apple Vision Pro, que também, assim como escrever, parece ser mais um escapismo.
Por enquanto desses aí, e até do tinder, eu tô fora. Minha fuga segue sendo as palavras.