UMA CENSURA PARTICULAR QUE NÃO FOI ACEITA.

Quando eu trabalhava numa conceituada empresa de comunicação, ao perceber o ambiente de trabalho muito monótono nos intervalos de descanso, sempre rolando os mesmos papos, comentários vazios sobre futebol e a vida alheia, resolvi criar sozinho um pequeno jornal mural e implantá-lo em nosso meio. Para esta atitude, simplesmente achei que não precisaria ir "pedir a bênção", isto é, uma permissão explícita ao supervisor geral ou gerente postal. Pensei: eu crio, coloco num ponto estratégico e seja o que Deus quiser. Se aprovar bem, se não for do agrado dos superiores, tudo bem também. Fica o dito pelo não dito.

Então o primeiro número do pequeno jornal foi bem aceito. Muitos gente leu e comentou, deu sugestão, o que foi aceita e o segundo número foi lançado com até alguma expectativa, como perguntas do tipo: "Ué, cadê o jornalzinho?" Tive que explicar aos indagadores que este intervalo fazia parte da estratégia para que provocasse mesmo esta pequena vontade do quero mais. Era uma pequena ausência que fazia sentido. E já no terceiro número tive uma ideia de além das crônicas, poesias, notícias atuais, charadas etc. colocar um recorte de jornal da época da inauguração daquele CTP (Centro de Triagem Principal) onde trabalhávamos. A reportagem do Jornal da Tarde daquele dia estampou a inauguração daquele evento, com a presença além do Presidente da República, Governador, Prefeito etc. do presidente da Empresa de Correios e Telégrafos. Só que nas entrelinhas, já no final da reportagem uma pequena nota maculava aquela festa citando uma possível participação do respectivo presidente desta empresa em alguns atos fraudulentos e com denúncias de corrupção por ocasião de concessão de medalhas e prêmios em congresso da UPU (União Postal Universal). Em síntese, algum supervisor querendo aparecer simplesmente levou ao conhecido do Supervisor. Então fui convidado a retirar aquele recorte do pequeno jornal mural PONTO DE ENCONTRO que eu havia criado. Nem argumentei aquele pedido sem lógica e simplesmente com a mesma surpresa que coloquei aquele jornal, o retirei sem comunicar a ninguém. Muitos colegas lamentaram, mas voltar atrás eu não voltaria, como realmente não voltei.