Erros de Português?
Dois velhos conhecidos encontram-se e trocam saberes sobre a vida.
- Algo que me tem incomodado ultimamente é a frequência de erros de Português que tenho visto na imprensa, na tida por “boa imprensa”.
- Você ainda mantém as suas assinaturas da Folha, do Estadão e do Globo?
- Sim, das versões online, mais em conta para um aposentado. Outro dia li “auto-escola” na abertura do site de um desses jornais. Faz um tempinho que mudou para “autoescola”. O corretor estava desativado?
Num outro jornal recomendavam “assistir o filme...”. Que eu sabia, eu “assisto ao filme”. Quase caí da cadeira quando vi um “paralização geral” no lugar de “paralisação” e um “conserto sinfônico” quando deveria ser “concerto”.
Quem escreve essas bobagens em jornais de tradição e prestígio? Não há mais correção? Onde esses redatores estudaram? Qual regra seguem?
- Faz décadas que falar e escrever corretamente o nosso idioma é valor que saiu de moda. Parece que só nós nos incomodamos com esses erros. Muitos nem sabem que são erros. Será que os editores sabem?
Quando leio “vou te contar como você deve...”, eu suspendo a leitura. Por que não “vou contar-lhe como você deve...”? Poucos sabem que não se mistura o “tu/te” com “você. E como todos devem ser politicamente corretos, tudo pode.
- Eu me irrito quando vejo professores ensinando que o certo é “muçarela” só que em canto algum encontra-se essa escrita. É sempre “mussarela”, seja nos pontos de venda, seja nas embalagens do produto. Por quê?
- Precisamos de boas campanhas que deem resultado. Ouve-se bem menos “a nível de”, “ com certeza”, “eu vou estar falando”, “entrar prá dentro”, “fazem dois anos” etc. Ensina-se “oração coordenada sindética aditiva” para quê? Com qual utilidade? Os “menas”, “di menor”, “de a pé” continuam.
- Piaget dizia “pensamento confuso, fala confusa”. O problema é anterior: as escolas não estão capacitadas a ensinar um jovem a pensar. Muitos professores não sabem fazê-lo. Escolas repetem modelos; não inovam.
- Você deu aulas para professores, mestrandos e doutorandos. Eu me lembro dos seus relatos assustadores. Mas aluno é cliente e gera receita. Bingo!