Agredida, Violentada, Destruída.
Vem e me bate a cara,
E me chama de puta.
Sou mulher da luta,
Que pagava a tua comida.
Que matava a tua sede,
E ainda era destruída.
Não mais violará as minhas entranhas,
Não te pertenço mais,
Não te quero mais aqui.
Não sou de ninguém.
Sou do mundo...
Olha as marcas que trago comigo,
São da época em que você me batia.
Por esse e tantos outros motivos,
Que hoje tenho a minha carta de alforria.
Caminhei sob tuas sombras,
Por muito tempo me perdi.
Mas, veja, eu renasci.
Não mais presa ao teu domínio,
Sou agora dona do meu destino.
Tuas palavras feriam como punhal,
Sou repleta de dor, desconfianças.
Libertei-me de toda a crueldade humana,
Ergui-me das cinzas, do sofrimento.
A comida que pagava com meu suor,
A sede que matava com meu amor,
A destruição que sofria em silêncio,
Tudo isso ficou para trás, é o meu recomeço.
Não sou mais aquela submissa,
Não sou mais a tua presa.
Minha liberdade não tem preço
Hoje tenho meu grito de independência.
As marcas que carrego são troféus,
De batalhas que venci, dos dias meus.
Não sou mais joguete de um homem imundo, obscuro,
Sou a protagonista, do meu futuro.
Não mais te pertenço,
Não mais oprimida.
Sou eu, recriada,
Com a força da vida.
E assim, com a cabeça erguida,
Com a alma livre e renascida,
Declaro ao mundo, com alegria,
Que hoje tenho a minha carta de alforria.