Mosquitos, ratos e afins

Minha dentista disse que teve uma semana de cão há muitos anos, tudo por causa de um famigerado mosquito. Em poucos dias, uma crescente dor de cabeça ganhou o auxílio da febre que contratou a dor nos olhos que fez parceria com a prostração. Ou seja, uma jovem de vinte e poucos anos, formada, inteligente, comunicativa, independente, pagadora de impostos, votante, católica, dona do próprio nariz, pesando setenta quilos e medindo um metro e sessenta foi parar no pronto socorro por causa de um mosquito.

Que não devia medir um centímetro, pesa o mesmo que um grão de arroz, não fala, não elege, não reza, não paga imposto, não faz declaração de imposto de renda, não bebe chopp com os amigos, não tem chefe, não é chefe, não possui FGTS, CPF, PIS, CNH e nem vota no BBB.

Era só a porcaria de um mosquito transmissor da dengue. Que ganhou dois upgrades com o passar do tempo. Além da doença citada, o corno também passou a transmitir zika e chikungunya. Parece um soldado armado com fuzil, granada e bazuca.

Às vezes me pergunto: como pode um ser tão minúsculo e abominável carregar tanta ruindade dentro de si? Basta uma picada, uma picadinha de dois segundos e, pim!, a saúde do picado vai pro beleléu. E não existe remédio que consiga tirar do organismo infectado os resquícios de ruindade deixados pelo ordinário voador. Resta ao cidadão adoentado acatar a resiliência, tomar antitérmico e beber muita água.

Um mosquito, senhoras e senhores. Um paspalho franzino, imbecil e desocupado que só existe para ferrar os humanos.

O mesmo vale para os ratos.

São quase três da manhã. Pela terceira noite seguida, há um rato na minha casa. Nos encontramos rapidamente. Ele sempre aparece fingindo ou fugindo. Quando penso que o patife já enjoou da moradia, eis que sou surpreendido pela corridinha marota do vagabundo acinzentado.

Nem minha gata, astuta e perspicaz, conseguiu capturar o invasor. Ele consegue ser mais chato que o mosquito fornecedor da dengue, zika e chikungunya. O mosquito pica e some. Não derruba copo, não arranha as frutas nem faz cocô na pia. O rato deixa rastros, arruinando a paz de quem só deseja ter uma sagrada noite de sono.

Estou pensando em trocar o dia pela noite. Se ele quer guerra, então terá. Vou encher a casa com aqueles queijos franceses fedorentos que dão dor de barriga no apreciador. Se for malandro, o rato vai roer até doer os dentes. Imagine, queijo importado dando sopa! Isso não acontece todos os dias, nem é para qualquer um. Um queijô de prrrrimeirra linhá de brindê, uh lalá. C'est magnifique! Depois da comilança, o rato vai sentir câimbras intestinais. Se aquilo derruba qualquer visitante desavisado, imagine o que fará com um rato canalha!

Ah, hei de capturá-lo, vocês verão. O homem vencerá o mal! A democracia derrotará a anarquia! A inteligência bruta aniquilará a idiossincrasia da maldade! A ratalhada não ficará impune!

E quando estivermos cara a cara, focinho a focinho, bigode a bigode, ele vai sentir meu hálito quente da vitória! Neste momento, num maravilhoso estado de êxtase merecido, farei uma, apenas uma pergunta certeira ao inimigo sacripanta:

- Por onde você entrou, traste???

Barão do Subúrbio
Enviado por Barão do Subúrbio em 01/02/2024
Código do texto: T7989695
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2024. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.