No meu tempo era melhor
Saudade, nostalgia, melancolia, falta. Palavras que nos remete à dor de lembrar; à vivências de um tempo que já foi; às pessoas que não existem mais, viagens, amores, amigos, trabalho.
Não gosto de relembrar o passado com tristeza. A frase "no meu tempo era melhor", não diz muita coisa. Melhor em que? A resposta é referenciada pelas lembranças do que foi vivido, do que não foi feito, do que ficou para trás e não conseguimos resgatar. Amanhã serão as pessoas que vivem hoje que dirão “no meu tempo era melhor.”
O tempo que passou é subjetivo, lembramos o que nos marca e que nem sempre é o real. Somos feitos das nossas ações e escolhas e é menos doloroso dizer que o passado foi bom do que assumir que o presente está ruim pelas nossas construções.
Por isto a saudade. Tudo que passou é melhor. O presente está cheio de faltas, desejos, projetos a serem realizados. Para viver hoje um “tempo melhor”, uma vida sem pendências teríamos que prever o futuro lá no passado. Como saber anos depois que tomamos a decisão errada ou certa? Caímos na contingência, a vida não decidida, não tem como avaliar e valorizamos o que não foi feito. Isto é a nostalgia, a falta e a saudade do que não existiu.
“Meu tempo foi bom, mas acabou, não volta.” A saudade fica. Saudade boa, de coisas vem vividas. Saudade que acalenta a alma. Saudades de pessoas queridas, da juventude, de um tempo que se foi, de lugares que não existem mais. Com alegria e certeza de não voltar. Saudade! Alegria de vida vivida, de encontro com pessoas especiais que permanecem na nossa vida ou se vão. Alegria de reconhecer que passou, e que temos que seguir em frente produzindo mais momentos, conhecendo mais pessoas, que um dia também serão saudades. Ficam as lembranças e o alento de que fizemos o que poderíamos ter feito, sem cobranças. Que nossa saudade se fundamente em um presente feliz. Que você possa gargalhar sozinho relembrando suas saudades.
Márcia Cris Almeida
31/01/2024