BBB, bebê!
Em 1949, veio a público a obra “1984”, finalizada por George Orwell em 1948. Não é minha intenção, aqui, fazer uma resenha e tampouco um resumo do livro que, aliás, é um primor. O que nos interessa, por ora, é o contexto da narrativa. A história se passa no seio de um sociedade totalitária em que se intenciona, por exemplo, autonomia mínima das pessoas.
Tudo é Vitória: gim, cigarro & Cia. LTDA. Por meio do Ministério da Verdade, documentos são destruídos e informações são reescritas ao bel-prazer do Partido. Guerras são inventadas, comidas e pensamentos são racionados. Tudo acontece sob a vigilância constante do Grande Irmão, por meio de cartazes e, inclusive, da teletela, equipamento constante de todas as casas e que não pode ser desligado. Tudo é visto e ouvido, até mesmo a intimidade dos cidadãos.
Em 1999, John de Mol, um executivo da televisão holandesa - sócio da empresa Endemol - teve a ideia de criar um Reality Show onde pessoas comuns seriam selecionadas para conviverem dentro de uma casa, vigiadas por câmeras, 24 horas por dia. Por aqui, o tão conhecido Big Brother Brasil, que já se encontra em sua 24ª edição.
Todos os dias, milhões de brasileiros passam horas em frente a suas “teletelas” – smart tv, smartphone (esmartes!), note-net-macbooks e... haja tela! Acreditam estarem “vigiando” quando, na verdade, estão sendo vigiados. A curiosidade, a primitiva necessidade de sangue e a vontade de viver a vida alheia, por exemplo, invadem o imaginário dos tele-espectadores. Produtos são vendidos, comportamentos são moldados, polarizações são incitadas. Manipulação escrachada e barata, e todos aguardando a Vitória. Nessa letargia nacional, esquecem o que, de fato, é viver em sociedade e o que é preciso para sua boa manutenção e governabilidade. Olhos fixos no/do Grande Irmão! Bem e mal? Ser ou não ser? Se pudesse escolher...