SEMPRE ME CONSIDEREI UM BURRO!

Deixem eu explicar:

Primeiro o animal foi chamado de burro e depois cientificamente foi denominado Equus asinus, com o passar do tempo os seres humanos foram evoluindo e aprendendo a domar e explorar os animais, assim como já faziam com seus próprios semelhantes. O Equus apelidado de BURRO, animal que trabalhava muito por tão pouco, muito teimoso, mesmo de Sol a Sol era destratado a todo momento, como se fosse um saco de pancadas. Eu mesmo conheci um que era campeão em teimosia, empacava e quando menos se esperava, descia a ladeira em desabalada carreira, despejando quase toda a água que o Cabo Santo havia recolhido.

De maneira geral o ser humano, cada vez mais inteligente, associou a alta capacidade de trabalho físico e a teimosia como se fosse um ato de pouca inteligência e não demorou muito para atirar no animal burro, com seus conceitos. Associando definitivamente a pouca inteligência ao ato de trabalhar com afinco e a teimosia.

Eu então me liguei afetivamente aos burros, não pela pretensa pouca inteligência, mas por ter sido explorado física e mentalmente, assim como uma legião que conheço e por ser teimoso, aliás, muito teimoso, muito mais do que o São Thomé, aquele que só acredita vendo.

Sem pensar em vitimização, muitos de nós, durante anos trabalhamos em média 60 horas por semana, sem perceber qualquer direito por isto. A explicação é que éramos militares. Assim abusavam, nos deixando em prontidão por qualquer besteira, chagávamos a dormir sentados no refeitório, por falta de dormitórios.

Na caserna havia um mexida subliminarmente no nosso psique, que nos fazia devedores, tipo o pecado o original, aquele que nos sentencia, mesmo antes de nascer.

Pela quase lavagem cerebral, consagrada na frase:

- "... mesmo com o sacrifício da própria vida..."

Claro que durante todo este tempo nós não fomos desprovidos de inteligência, mas burros no sentido de teimosia e da capacidade em sermos explorados, precariamente sendo remediados pela mudança na legislação após a Constituinte.

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