ERA SIMPLES, MAS DELICIOSO
Não tínhamos muitas regalias em casa,
mas aos domingos, após a missa, eu adentrava aquele portão largo
e já sentia o perfume do frango moreninho na panela, da macarronada saborosa espalhando o aroma de manjericão no molho vermelho e minha mãe sorridente atrás do avental.
Ela sorria muito, jamais a vi reclamando por o quer que fosse, hoje eu percebo que as grandes regalias de casa eram ela e sua alegria. Que linda e feliz era!
Após o almoço, ela (não raro) nos surpreendia colocando uma travessa de manjar de vinho sobre a mesa. Era um doce simples, sem fricotes e saboroso, como saborosa era a convivência pura que tínhamos.
A vida brilhava naquela Iluminada varanda da cozinha, tinha luz solar e o resplendor da pele lisinha do manjar feito pelas doces mãos da mãe, sem luxo e sem esmalte.
Aquele era um reino encantado, cuja regalia hoje eu entendo, quando eu adentrava o portão, havia o largo sorriso da minha mãe...
O verdadeiro manjar dos deuses.
Dalva Molina Mansano
30.01.24