O milagre do sim
"Tudo no mundo começou com um sim. Uma molécula disse sim a outra molécula e nasceu a vida."
Sim.
Há um milagre oculto nessas três letras, principalmente, eu acho, quando é um sim de amor. Todos eles, sem distinção. Há quem diga que o amor morreu, que é coisa ultrapassada...Que morreu eu não acho, talvez vá sobrevivendo aos pouquinhos, uma fagulha fria, só na espera de um sopro de cuidado, de uma alma infinita encontrando a outra, e isso é difícil, muito, mas também é único.
Lembro sempre de uma carta de Paulo Freire para sua amada. Em certa hora ele escreve que amar é melhor do que não amar, mesmo que pareça uma coisa penosa, complexa, se eu achar a carta coloco as partes exatas aqui, mas eu acho assim também.
Junto do amor vem sempre também um problema, uns vários, na verdade. Entender o outro é um terreno de areia, se fazer entender também, manter isso, essa dinâmica, existindo por pedaços grandes de tempo é outro desafio, renovação constante. Por isso que eu penso assim, penso que o sim é um milagre. É aquela técnica de consertar jarros e vidraria com ouro. Kintsugi. Juntar os pedaços e pensar no quanto estamos dispostos a nos rearranjar pelo amor.
Existe uma coisa bem curiosa no casamento também. O casamento é o duplo. Ao mesmo tempo que é soma, é subtração do outro. Personas que vão ora distância, ora amalgama, mistura.
Há quem tenha já desistido, ou pelo menos parado de tentar, não julgo. Se o sim é um milagre, o não, é dos medos maiores possíveis, de brotar e nascer a frustração, fazer mesmo perder a fé no outro, em nós.
Mas eu acho mesmo que o destino nos fez humanos pra que amássemos