É sobre Angola

Há muitos anos, não se viam angolanos empolgados na questão desportiva futebolística da Seleção Angolana de Futebol. Talvez porque estivéssemos habituados a uma Angola de poucas glórias, salvo aquela partida em Quigali, no Rwanda, pintada pelo cruzamento banana de Zé Calenga Kalemba que encontrou a cabeça do Rei Fabrício, Akwá, e fez dançar a bola no fundo das malhas, levando Angola a participar pela primeira vez num Campeonato Mundial de Futebol. E há ainda outras boas memórias sobre factos, as quais me voto ao silêncio.

De tristezas também falo apenas daquela incompetência frente ao Mali.

O facto é que este CAN está a encher os angolanos de esperanças e *orgulho*. As hipérboles também vão surgindo, como, por exemplo: «queremos a Argentina de Messi nesse CAN, pois está muito fraco para tanta Angola »; «Gelson Dalla é o novo Messi». Alguns até vão satirizando: «o segredo está nas tranças do Mabululu, afastem desse todas as Dalilas ».

De uma forma ou de outra, estamos felizes, como angolanos. Basta vermos a ‘febre’ que vai se impondo nas redes sociais, em perfis e stories de angolanos, amantes de futebol. Os jogadores também não se cansam de manifestar bungulas de alegria, ao som da coluna BT do Gibelé.

Temos visto irmãos da Ásia, residentes em Angola, a utilizar expressões tipicamente nossas para expressar a alegria social de Angola: «Namíbia está pensar que é mbiembiembie».

A meu ver, Angola teve adversários teórica e praticamente do seu nível, e mostrou-se superior o suficiente para chegar até aqui. Agora vem o grande combate, frente a TODA PODEROSA Nigéria. E saberemos melhor, que Seleção de futebol temos no momento.

Independentemente do que vier a suceder, estamos de parabéns!

Enfim, há uma paz mascarada graças a esse momento de glória da Seleção Angolana de Futebol.

Digo bem, «paz mascarada». Em entrevista ao capitão Fredy Ribeiro disse: «As pessoas estão a dançar, a divertir-se. O país está com esse estado de espírito, mas a vida em Angola não é fácil. Estas vitórias dão felicidade às pessoas e isso deixa-nos orgulhosos. É a maior motivação que temos. Eu tive a sorte de ter crescido em Portugal, com uma vida diferente. Mas eu e os meus colegas sabemos que há pessoas que não têm pão para comer à noite. Se ganharmos, podem ir dormir felizes. Não é o ideal, mas sabemos que é uma ajuda».

É nesta linha de ideia em que foco a minha reflexão. Sabemos que os jogadores estão a receber promessas de prémios, pelas vitórias, de muitos lados. Estas promessas servem, por parte de quem os garante, para manifestar uma implicação ativa na causa, e para motivar os prometidos, portanto, os jogadores. E acho isso muito bom! Dentre as promessas, faço referência aqui a mais recente feita pelo BAI e tornada pública antes do jogo: 5 milhões para cada jogador em caso de vencer a vizinha República da Namíbia. E como vimos, pensaram que é “mbiembiembie”.

Seguramente, algumas promessas foram feitas em público, enquanto outras foram feitas nos bastidores.

Além destas, há um prémio da CAF para todas as seleções. Mais Kitadi e assim fica «mais melhor» para todos.

Dos jogadores, embora não seja obrigação destes, em nome dos mais vulneráveis angolanos dispersos pelos vários cantos da «Angola Profunda», peço uma ajuda ao meu povo, um «estender as mãos», ajudai alguns lares, algumas escolas missionárias, e/ou qualquer outro foco de crianças, jovens, adultos, ou idosos em extrema situação de necessidade. Andai por Angola e levai um pouco lá onde houver maior necessidade por parte daqueles que vibraram ao vos ver brilhar na televisão . Quero lembrar-vos, caros jogadores angolanos no CAN, alguns exemplos de Sadio Mané: contribuiu com 250 mil libras para uma escola e deu laptops para os melhores alunos; durante a pandemia, deu 41 mil libras para ajudar o Comité Nacional do Senegal no combate à Covid-19; construiu estádios e escolas para pobres no Segenal.

Meus irmãos, se cada um de vós puder abdicar de 5 milhões para uma ação social por vós mesmo eleita, muitas vidas serão salvas, acreditem. Muitos de vós viestes dos mais sofridos berços de Angola, da rua se calhar, não se esqueçam do «VOSSO POVO irmão».

Fecho a redação deixando uma pergunta: de que forma, os prémios de jogo e de participação da Seleção Angolana de Futebol, podem participar positivamente na vida social dos angolanos e das angolanas?

Um abraço fraterno, e uma dança vos envio ao som da coluna do Gibelé.

Luzingo MALEMBE
Enviado por Luzingo MALEMBE em 28/01/2024
Código do texto: T7986532
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