OUÇO ESSE TIPO DE COISA PORQUE NÃO SOU SURDO, GRAÇAS A DEUS.
As ruas do bairro onde moro são ladeadas de prédios residenciais por se tratar de uma Cohab como muitas outras. Então aqui a gente tem de quase tudo como em toda periferia do mundo. Pessoas de várias religiões, políticas, time de futebol e de muitas preferências. Não precisa nem mencionar o número de adegas, salão de cabeleireiros, Pet Shops, mercadinhos, açougues, biqueiras etc. Estas últimas, para os menos avisados, como prosperam na clandestinidade dia e noite funcionam de forma bastante disfarçada, como se estivessem se escondendo da polícia, mas quando os "chefões" por acaso atrasam alguma propina, os "homens que se dizem da lei" passam, de vez em quando pelos locais, como se quisesse dar um aviso: "estamos por aqui", "queremos o nosso" etc. Pelo que se ouve falar, funciona tal qual a contravenção do jogo do bicho: Pagou, deixamos trabalhar. Atrasou, pegamos no pé.
Como os locais são disfarçados, eles abrem um buraco no muro onde fica dia e noite um "funcionário" vendendo os vários tipos de produtos proibidos e na parte do superior do mesmo local, simultaneamente, fica um ou até dois elementos vigiando os dois lados da rua para avisar quando surgir alguma viatura policial. Os inúmeros consumidores de carro ou motorizados são orientados sempre deixar seus veículos numa pequena distância de trinta até cem metros. Apesar de algumas horas formar até fila, a operação é realizada de maneira bastante rápida. Como ali a moeda não tem vez, o dinheiro da vez é só cédula, nem Pix funciona também. É o famoso "toma lá, dá cá", paf-puf". E como sei desta rotina? Ora, não precisa ser freguês ou viver no meio deste ambiente, pois só pelo fato de passar diariamente pela rua, em qualquer ponto onde existe uma biqueira, a rotina é idêntica. Agora só há um detalhe que não tenho a mínima ideia é o fato de alguns consumidores cumprimentarem os tais vendedores daqueles produtos de, adivinha? "PAI". Quando passo por alguns destes locais quando vou fazer minha caminhada ou à feira, ao mercadinho e ouço esta expressão, sempre penso com os meus botões: por que ao invés de "pai" eles não os chamam de "mano". Pelo menos a hierarquia humanitária continuaria dentro da normalidade. Só que ao ser chamado de pai, posso garantir que nunca parei no local para ouvir se o final daquele cumprimento era : "pois não, filho!". Aí também já é querer muito.