26 de jan de 2017
00h11min
Pra variar a festa já tinha acabado mas eu ainda estava lá... Especificamente NESTAS festas eu já sabia que voltaria tarde. Meu pai era muito amigo do pai do aniversariante. Então, o que começava sendo uma festa de criança, virava uma festa de adultos regada a piadas que eu nunca entendia e muita cerveja. Eu nao achava ruim... Adorava zanzar sozinho pelos lugares, minha imaginação era minha melhor amiga. Às vezes me imaginava numa bicicleta e ficava andando pelo playground, dando voltas me sentindo numa bike... Noutras vezes me imaginava num filme, e na maioria das vezes apenas circulava e tinha prazer no silêncio. (...) Ele era o palhaço da noite... durante o aniversário. E o resto das crianças (que sobraram) não o reconheceram sem a maquiagem e o nariz vermelho. Mas eu o vi... ali. Fumando um cigarro e segurando um copo de plástico, desses de festinha, só que com cerveja, transbordando. Ele conversava com o porteiro do prédio. "você é o palhaço, né?", eu perguntei. Ele não me respondeu, apenas me olhou com um olhar cansado e um certo desprezo. Com um semblante que dizia “Pelo amor de Deus, não termine de estragar minha noite...”. Ele tinha um olhar exausto e triste... impaciente. Diferente daquela animação toda na hora da festa e com o rosto pintado. E ele de fato teve sorte comigo, eu não fiz nenhum alarde, apenas me encostei e fiquei pensando em outras coisas, ele já não era importante. Eu odiava palhaços, não conseguia ver graça neles. Pra mim, palhaços e animadores, e pula-pula's e etc. Isso estragava a festa. Ditava o que ficaríamos fazendo até o horário do fim. Eu queria brincar, inventar brincadeiras... fazer amizades. E não ficar fazendo dança da cadeira com um idiota de maquiagem. Me afastei mais um pouco. Eles voltaram a se falar como se eu simplesmente tivesse desaparecido dali...