ENCONTRO MARCADO

O local combinado para encontro era um restaurante simples, especializado em frutos do mar, na pitoresca Jurujuba, localidade ao sul da antiga capital fluminense, onde até hoje, pela quantidade de barcos ancorados na enseada, evidencia seu passado de vínculos com o mar.

Da envidraçada fachada do restaurante se descortina a orla de Icaraí, e sua muralha de prédios altos, uma inspiração de Copacabana erguida do outro lado da poça.

Poderia tranquilamente ser uma convenção da terceira idade, ninguém ali aparentava menos de sessenta anos, e felizmente, completada de maneira harmoniosa, dada a alegria contagiante que emanava do ambiente.

Na realidade, se tratavam de grupos, ali agregados por uma pessoa muito especial, que entre outras particulares, gosta de juntar pessoas em eventos que, detalhadamente prepara com apoio irrestrito da esposa, sempre com intuito de surpreender os convidados.

Desta vez, o local escolhido fora o Forte Imbuhy, uma das muitas fortificações edificadas ao longo dos últimos séculos, que visavam proteger a entrada da baía de Guanabara.

Depois das formalidades necessárias para ingresso numa área militar, recebemos de presente uma das melhores vistas da cidade do Rio de Janeiro, e tomamos o caminho por estradinha aberta em bem conservada encosta de Mata Atlântica. Passado pouco mais de 1 km, enfim chegamos a nosso destino final. A praia do Imbuhy, vista do alto entre frondosas árvores, branquíssima, pequena, deserta e um mar sem fim à sua frente.

Da janela do quarto, outra bela surpresa, para quem está acostumado a apreciar da zona sul carioca o arquipélago das Cagarras, nesse novo enquadramento, o conjunto de ilhas aparece de forma distante entre si, tendo como extremos a ilha do Farol quase em frente à praia, e a Cagarras, em distante posição do lado direito.

De lá se vislumbra um diferenciado cartão postal do tortuoso relevo a beira mar carioca, com todas as montanhas icônicas da cidade superpostas. No primeiro plano desponta o Pão de Açúcar e como pano de fundo a majestosa Pedra da Gávea e a ponta do Pico da Tijuca.

Por falar desse relevo, o casal preparou para o grupo um evento para saudação do por do sol, em local com confortáveis cadeiras, lembro que o grupo mescla idosos, tacinhas com espumante e um instigante fundo musical, com 2001 uma odisseia de espaço, seguido pelo bolero de Ravel, enquanto no horizonte, o astro rei, em meio às montanhas e baixas nuvens em perfeita sintonia, faziam sua parte do espetáculo.

Meus fies companheiros de tênis, agora acompanhados das esposas formávamos um subgrupo à parte. Mais acostumados a conviver juntos, disputamos jogos variados, inclusive aqueles típicos de salão, como sinuca, tênis de mesa e até um carteado.

Desta vez, como o hotel não dispunha de quadra de tênis, a saída o beach tênis, com material completo cedido pelo organizador do evento, só tivemos a tarefa de montar rede e a demarcação da quadra. Aí sim houve integração com outras tribos.

Naquele mar que não tem tamanho, de águas cristalinas e temperatura amena me dei ao direito de pegar jacaré nas boas ondinhas, rememorando outros tempos.

Ainda tivemos tempo de juntos, fazer caminhada até a praia de Piratininga e apreciar o recortado litoral oceânico de Niterói, confortavelmente sentado, se hidratando com água de coco num quiosque do calçadão.

Vinicius um sábio das coisas do coração, sempre festejou a arte do encontro, nesse mundo de desencontros, deixou um legado a ser seguido sem restrições.

Alcides José de Carvalho Carneiro
Enviado por Alcides José de Carvalho Carneiro em 26/01/2024
Código do texto: T7985196
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