CRÔNICA - A DESPEDIDA DE ONZE ANOS DE PAIXÃO...?!

CRÔNICA - A DESPEDIDA DE ONZE ANOS DE PAIXÃO...

Não há palavras para descrever o sentimento chamado amor, mas acredito que nem sempre é recíproco, e talvez por egoísmo ou mau caráter que nem sempre percebemos quando amamos alguém que não nos ama... apenas nos engana mas como o tempo percebemos que fomos enganados...

Talvez quando pela primeira vez nos conhecemos no seu aniversário de 11 anos estava eu acompanhado de uma grande amiga, e testando a minha paixão por alguém que me acompanha, você me deu atenção redobrada a mim nesse aniversário ao qual fui convidado...

- Posso levar a minha amiga Fraisa, perguntei a ti...

- Claro que pode!!! foi a sua resposta...

E na festa do seu bolo de aniversário o primeiro pedaço foi meu... mas quando a minha amiga me ofereceu mais um pedaço de bolo... fiz um gesto de dizer a minha amiga só se ela comesse comigo... e assim talvez tal cena no seu aniversário foi uma demonstração que havia algo entre nós...

Não sei se por ciúme infantil de que seu brinquedo tinha que ser dividido com outra, a sua vingança foi algo que durou onze anos em minha vida...

Acabei fazendo a corte para duas mulheres mais lindas do bairro onde eu morava, dando atenção a uma mulher 8 anos mais velha do que eu com os meus 16 anos e tal paixão por uma menina de 11 anos...

Com certeza seus pais achavam que era muito cedo para uma menina de 11 anos ter um compromisso de namoro, estávamos no ano de 1961, exatamente no dia 25 de janeiro... portanto hoje fazem 62 anos passados...

Aquela linda menina um tanto magoada com a minha atenção com outra, jamais esqueceu seu primeiro aniversário comigo e nem eu me esqueci...

Sua mãe compreendeu que naturalmente sempre me perdoou e sabia da minha atenção com a minha amiga bem mais velha com quem me dava muito bem, pois fora ela que me fez homem educado e cavalheiro, pois um criado no mato em uma fazenda onde cuidava de desde pequeno a arrebanhar o gado para o curral e separar o filhote da mãe, para pela manhã tirar o leite para todos...

Assim nunca me importei com as meninas que me davam atenção pois sempre fui neto de fazendeiro que era o meu avô paterno, filho de um caminhoneiro que era o meu pai viajante, e dai fui criado mais com a minha mãe e os meus tios que me paparicavam demais, me levando com eles para vender café em saca já beneficiado pela região da Alta Sorocabana, onde eu nasci em Martinópolis e claro que sendo mimado e convivendo apenas com os tios já maiores de idade via o jeito deles tratarem suas namoradas, aprendi com eles a ser bruto ou até meio estúpido nas respostas, e claro que o exemplo vem de cima, pois os japoneses são muito mais machistas pois os costumes são as mulheres mais submissas e via isso na minha mãe que jamais discutia com o meu pai mesmo que ela tivesse razão...

E isto nos mantém cativos a tal educação que nos cerca de sermos tão diferentes da educação entre outros povos, que somos orientais, e assim fui criado... e dai ao conhecer a Fraisa foi assim um ensinamento de me comportar como cavalheiro, e aprendi a atender a ela com toda atenção até mesmo de me comportar numa mesa com tal cavalheirismo de puxar uma cadeira para ela sentar e quando ela se levantasse também me levantar e acompanhá-la e claro quase como um segurança só não entrava no banheiro das mulheres, naturalmente...

Foi assim que aprendi a ler para melhorar os meus vícios de linguagem de um caipira criado na roça e a ter que me dar bem na cidade, acredito que eu e ela lemos mais de 10000 livros da biblioteca circulante de São Paulo que ficava na Praça Dom José Gaspar de frente do Consulado Japonês no Brasil onde o meu pai era Tradutor do Cônsul japonês no Brasil...

Sou um felizardo de ter tido uma mulher excepcional que me ensinou a ser fã de leitura para melhorar o meu português, e também a minha educação e etiqueta de comportamento geral...

Assim sabia ela muito bem que eu amava uma criança birrenta e que teria que ter paciência, e mesmo assim jamais me incentivou a deixar essa menina egoísta e tão mimada que tudo que ela queria eu fazia...

Só me disse para me cuidar de se um dia tivesse uma decepção não mudasse jamais de ser cavalheiro, como ela sempre me ensinou...

Assim quando a Fraísa se casou me senti livre das minhas obrigações com ela... mas a nossa despedida na porta da igreja ela de noiva e já casada com seu marido um baiano de Salvador de nome Ubirajara, ou Bira para os amigos... pude dar o último beijo na boca como despedida dessa mulher que me ensinou ser realmente macho, mas cavalheiro e que jamais ofenderia uma mulher, fosse até mesmo mal educada...

Torceu demais para que eu fosse feliz com ela, mas isso não aconteceu... e hoje depois de 62 anos me lembro que a nossa despedida foi devido um acidente que eu atropelei uma criança com a minha motocicleta... e assim fui responsável de cuidar dela no hospital e no dia seguinte na visita perdi a hora de levá-la para a faculdade de Engenharia na FAAF e ela teve que pegar um táxi e ainda por azar perdeu a lente de contato que caiu dentro do taxi... dai imagine ela fazer a prova sem poder ler... e ir mal na prova e eu a espera dela na porta da faculdade... para me desculpar do atraso de ter ido dar assistência a criança que atropelei...

Talvez hoje ela festejando seus 73 anos, se lembre do seu aniversário de 11 anos e do bolo que recebi o primeiro pedaço... e com seu marido e filhos ( 2 ) e talvez ainda com a sua mãe tão minha amiga de sempre Dona Mercedes que teria hoje quase 95 anos de idade... pois seu pai Sr. Jarbas que faleceu com 65 anos de um infarto e fiquei sabendo pela ex-futura sogrinha que ligasse para sua filha que estava muito abalada pela perda de seu pai e por ser filha única muito mimada e apegada ao pai, ficou sem chão... apesar de já estar casada também pela segunda vez como eu em 1990 e ao ligar ao telefone que a sua mãe me deu... quem atendeu...

- Alo.. quem fala? pergunta uma criança de 4 anos...

- Poderia ser seu pai!!! responde eu a ele...

- Mãe... tem um moço aqui que quer falar com você e disse que poderia ser o meu pai!!! diz ele para a mãe...

- Não acredito que você me faça uma surpresa dessa de me fazer meu filho acreditar que eu traio o meu marido??? Responde ela a mim... como se soubesse quem está do outro lado da linha...

- Desculpe, não foi a minha intenção!!! Meus sentimentos pela perda de seu pai querido... foi sua mãe que me deu seu telefone...

- Sua sogrinha preferida... sempre dando palpites na minha vida!!! Exclama ela sorrindo e disfarçando a raiva com uma mistura de saudades... e das 4000 poesias que fiz durante 11 anos a ela...

- Que prazer em ouvir a tua voz... menina linda!!! respondo a ela...

- Menina com 40 anos de idade??? Pergunta ela a mim...

Foi quase duas horas de conversa, mas também foi a última vez que nos falamos, ela se mudou com a família para Ribeirão Preto e sua mãe que eu saiba está morando em Guarujá, soube por ela mesma quando me ligou falando da perda do seu marido e me incentivando para ligar para sua filha que andava muito triste!!!

Bem amigos, não vou prolongar por mais duas horas o que nos falamos... mas foi excelente relembrar hoje no aniversário dos 74 anos dela ... pois hoje é 25 de janeiro que é feriado em São Paulo, pois se comemora o aniversário da cidade de São Paulo...

Sei que estamos tão distantes, ela em Ribeirão Preto e eu aqui em Campinas, mas com pensamentos lá no passado que a gente jamais esquece de nosso primeiro amor!!!

Nota do autor:- E hoje ela faz 74 anos e São Paulo festeja 470 de fundação!!! É feriado todos os anos em seu aniversário!!!

IVANHOÉ e E ELA MAIS UMA MERCEDES EM MINHA VIDA...!?
Enviado por IVANHOÉ em 25/01/2024
Código do texto: T7984114
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