Leite derramado

Sorrindo amarelo sobre o leite derramado, pensou em como dança com mudanças. Imaginou realidades diferentes das que vive, mas só ficou na imaginação.

Pensou que uma das coisas que mais gosta é de ouvir o silêncio, por que às vezes se deixa ser envolvida e ouvindo os sons delicados que a cercam, para poder enfim ouvir a si mesma inequivocamente.

Delira. Pensa coisas hoje difíceis de realizar do jeito que eu gostaria. Vivo tudo outra vez, rememorando as cores e sabores que sempre quis compartilhar, mas experimento sozinha

Acho que preciso me livrar do que criei de você, pra aí então te saber de verdade. Me desamarrar de tudo que te abarca e ver se passa o momento em que te criei perfeita na ideia.

É que você me criou no coração, mas não era eu e sim o que você queria que eu fosse. Desabrochei e você foi embora e eu muda, não mudei meu desejo.

Se eu for dizer o quanto me magoei, seria pior, então calo e sigo anestesiada, sem choro nem vela. Levando a vida com minha própria companhia, sem buscar consolo em momentos raros.

O medo sufoca o peito, em silêncio, voa com os pés plantados no chão. é a cabeça que alça o espaço, plana entre nuvens, débil como um fogo que se extingue, mas de bela luz a iluminar-lhe o rosto.

Breve de si, vivendo à deriva achando que tudo é vão e em vão. Com uma paciência de centavos para sonhos de milhões. Se olha e não enxerga mudanças, nem esperanças.

Monotonia toma conta de seus dias. Melancolia completa o cenário. Varre sua vida para debaixo do tapete e espera que alguém a descubra ali parada e não jogue no lixo. Que encontre ali cores.

Eu só sei que não consigo decifrar o que a tristeza deformou em meu rosto, com lágrimas quase perpétuas, de uma dor que quisera mútua, mas não te encontro ao virar nenhuma esquina. Ando reto.

Juro que não te procuro nunca mais, nem assino bilhetes de recados inúteis. Acordei com a dor que você me presenteou e vi que nunca, jamais, em nenhum momento foi amor…